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Picado

A forma Picadopode ser [masculino singular particípio passado de picarpicar], [adjectivoadjetivo] ou [nome masculino].

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picadopicado
( pi·ca·do

pi·ca·do

)


adjectivoadjetivo

1. Que se picou.

2. Cheio de picadas.

3. Marcado de pequenas pintas ou sinais.

4. Furado de pequenos orifícios.

5. Cortado em pedaços muito pequenos (ex.: salsa picada).

6. Bastante agitado (ex.: mar picado).

7. [Figurado] [Figurado] Estimulado.

8. [Figurado] [Figurado] Ofendido (ex.: sentiu-se picado e foi-se embora).


nome masculino

9. Aspereza de uma superfície que foi picada.

10. [Culinária] [Culinária] Guisado de carne ou peixe muito cortados. = PICADINHO

11. Qualquer substância alimentícia sólida que se golpeia.

12. Recheio.

13. [Música] [Música] Trecho executado com ligeira separação de sons. = DESTACADO

14. [Portugal] [Portugal] [Cinema, Televisão] [Cinema, Televisão] Sequência de imagens filmada de cima para baixo. = CÂMARA ALTA

15. [Brasil] [Brasil] Guarnição de roupa, geralmente feminina,que consiste em tiras de pano bordadas sobre um desenho. = CACUNDÉ

etimologiaOrigem etimológica:particípio de picar.

iconeConfrontar: pisado.
picarpicar
( pi·car

pi·car

)
Conjugação:regular.
Particípio:regular.


verbo transitivo e pronominal

1. Ferir ou ferir-se com objecto pontiagudo ou perfurante.

2. Causar ou sentir excitação ou estímulo (ex.: o treinador tentava picar a equipa; o estudante picou-se quando começou a investigar). = AGUILHOAR, DESPERTAR, INCITAR

3. [Figurado] [Figurado] Causar ou sentir incómodo ou melindre. = DESGOSTAR, INCOMODAR, INQUIETAR, MELINDRAR, OFENDER

4. Causar ou sentir irritação ou zanga. = IRRITAR, ZANGAR

5. [Informal] [Informal] Provocar ou desafiar alguém.


verbo transitivo

6. Perfurar ou ferir com o bico. = BICAR

7. Lavrar pedra com o picão.

8. Dotar de picos ou protuberâncias afiadas (ex.: picar limas).

9. Fazer buracos, falando de insectos (ex.: a traça picou a roupa quase toda). = CORROER, PERFURAR, TRAÇAR

10. Arremessar arpão contra. = ARPAR, ARPEAR, ARPOAR

11. [Tauromaquia] [Tauromaquia] Pôr bandarilhas ou farpas em. = BANDARILHAR, FARPEAR

12. Dar com esporas ou instrumento semelhante em (ex.: picar o cavalo). = ESPOREAR

13. Cortar em pequenos pedaços (ex.: picar a cebola).

14. Tornar mais rápido (ex.: picaram o passo porque anoitecia; vamos picar o ritmo de trabalho). = ACELERAR, APRESSAR

15. [Informal] [Informal] Levar ou tirar o que é de outrem sem a sua autorização. = ROUBARDEVOLVER, RESTITUIR

16. Cobrir um lanço em leilão.

17. [Regionalismo] [Regionalismo] Subir o preço ou o valor de algo.

18. [Regionalismo] [Regionalismo] [Agricultura] [Agricultura] Dar a primeira sacha em.

19. [Desporto] [Esporte] Dar um toque na bola de forma a provocar um efeito especial.

20. [Informal] [Informal] Fazer um sinal gráfico, geralmente semelhante à letra V, que indica que algo foi feito ou verificado (ex.: foi picando a lista de tarefas conforme as foi despachando).


verbo transitivo e intransitivo

21. Causar ou sentir comichão ou ardor (ex.: a malagueta pica a língua; sinto a pele a picar).

22. Morder o engodo (ex.: o peixe não picou o isco; fico à espera que o peixe pique).

23. [Aeronáutica] [Aeronáutica] Fazer voar ou voar com o nariz para baixo.CABRAR


verbo intransitivo

24. Voar a pique, quase na vertical (ex.: o falcão consegue picar para apanhar a presa).


verbo pronominal

25. Ficar com agitação ou ondulação (ex.: o mar está a picar-se). = AGITAR-SE, ENCRESPAR-SE

etimologiaOrigem etimológica:latim *piccare, de picus, -i, picanço, grifo.

PicadoPicado

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Dúvidas linguísticas



Desde sempre usei a expressão quando muito para exprimir uma dúvida razoável ou uma cedência como em: Quando muito, espero por ti até às 4 e 15. De há uns tempos para cá, tenho ouvido E LIDO quanto muito usado para exprimir o mesmo. Qual deles está certo?
No que diz respeito ao registo lexicográfico de quando muito ou de quanto muito, dos dicionários de língua que habitualmente registam locuções, todos eles registam apenas quando muito, com o significado de “no máximo” ou “se tanto”, nomeadamente o Grande Dicionário da Língua Portuguesa (coordenado por José Pedro Machado, Lisboa: Amigos do Livro Editores, 1981), o Dicionário Houaiss (Lisboa: Círculo de Leitores, 2002) e o Dicionário Aurélio (Curitiba: Positivo, 2004). A única excepção é o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências (Lisboa: Verbo, 2001), que regista como equivalentes as locuções adverbiais quando muito e quanto muito. Do ponto de vista lógico e semântico, e atendendo às definições e distribuições de quando e quanto, a locução quando muito é a que parece mais justificável, pois uma frase como quando muito, espero por ti até às 4 e 15 seria parafraseável por espero por ti até às 4 e 15, quando isso já for muito ou demasiado. Do ponto de vista estatístico, as pesquisas em corpora e em motores de busca evidenciam que, apesar de a locução quanto muito ser bastante usada, a sua frequência é muito inferior à da locução quando muito. Pelos motivos acima referidos, será aconselhável utilizar quando muito em detrimento de quanto muito.



Última crónica de António Lobo Antunes na Visão "Aguentar à bronca", disponível online. 1.º Parágrafo: "Ficaram por ali um bocado no passeio, a conversarem, aborrecidas por os homens repararem menos nelas do que desejavam."; 2.º Parágrafo: "nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos, nunca os tinha visto, claro, mas aí estão eles, a tremerem. Ou são os dedos que tremem?".
Dúvidas: a conversarem ou a conversar? A tremerem ou a tremer?
O uso do infinitivo flexionado (ou pessoal) e do infinitivo não flexionado (ou impessoal) é uma questão controversa da língua portuguesa, sendo mais adequado falar de tendências do que de regras, uma vez que estas nem sempre podem ser aplicadas rigidamente (cf. Celso CUNHA e Lindley CINTRA, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Edições Sá da Costa, 1998, p. 482). É também por essa razão que dúvidas como esta são muito frequentes e as respostas raramente podem ser peremptórias.

Em ambas as frases que refere as construções com o infinitivo flexionado são precedidas pela preposição a e estão delimitadas por pontuação. Uma das interpretações possíveis é que se trata de uma oração reduzida de infinitivo, com valor adjectivo explicativo, à semelhança de uma oração gerundiva (ex.: Ficaram por ali um bocado no passeio, a conversarem, aborrecidas [...] = Ficaram por ali um bocado no passeio, conversando, aborrecidas [...]; nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] mas aí estão eles, a tremerem. = nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] mas aí estão eles, tremendo.). Nesse caso, não há uma regra específica e verifica-se uma oscilação no uso do infinitivo flexionado ou não flexionado.

No entanto, se estas construções não estivessem separadas por pontuação do resto da frase, não tivessem valor adjectival e fizessem parte de uma locução verbal, seria obrigatório o uso da forma não flexionada: Ficaram por ali um bocado no passeio a conversar, aborrecidas [...] = Ficaram a conversar por ali um bocado no passeio, aborrecidas [...]; nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] nunca os tinha visto, claro, mas aí estão eles a tremer. = nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] nunca os tinha visto, claro, mas eles aí estão a tremer. Neste caso, a forma flexionada do infinitivo pode ser classificada como agramatical (ex.: *ficaram a conversarem, *estão a tremerem [o asterisco indica agramaticalidade]), uma vez que as marcas de flexão em pessoa e número já estão no verbo auxiliar ou semiauxiliar (no caso, estar e ficar).