Gostaria
de saber qual destas frases está correcta e porquê: a) Se eu fosse rico,
ofereceria-lhe... b) Se eu fosse rico, oferecer-lhe-ia...
Quando utiliza um pronome clítico (ex.: o, lo, me, nos) com um verbo no futuro do indicativo (ex.
oferecer-lhe-ei) ou no
condicional, também chamado futuro do pretérito, (ex.: oferecer-lhe-ia), deverá fazer a mesóclise,
isto é, colocar o pronome clítico entre o radical do verbo (ex.: oferecer)
e a terminação que indica o tempo verbal e a pessoa gramatical (ex.: -ei ou
-ia). Assim
sendo, a frase correcta será Se eu fosse rico, oferecer-lhe-ia...
Esta colocação dos pronomes clíticos é aparentemente estranha em relação aos
outros tempos verbais, mas deriva de uma evolução histórica na língua portuguesa
a partir do latim vulgar. As formas do futuro do indicativo (ex.: oferecerei)
derivam de um tempo verbal composto do infinitivo do verbo principal (ex.: oferecer) seguido de uma forma do presente do verbo haver (ex.:
hei),
o que corresponderia hipoteticamente, no exemplo em análise, a oferecer hei.
Se houvesse necessidade de inserir um pronome, ele seria inserido a seguir ao
verbo principal (ex.: oferecer lhe hei). Com as formas do condicional (ex.
ofereceria), o caso é semelhante, com o verbo principal (ex.: oferecer)
seguido de uma forma do imperfeito do verbo haver (ex.: hia < havia), o
que corresponderia hipoteticamente, no exemplo em análise, a oferecer hia
e, com pronome, a oferecer lhe hia.
É de notar que a reflexão acima não se aplica se houver alguma palavra ou
partícula que provoque a próclise do clítico, isto é, a sua colocação antes do
verbo (ex.: Jamais lhe ofereceria flores. Sei que lhe ofereceria flores).
Avó, bisavó e trisavó (para só referir o feminino)
constam dos dicionários e empregam-se com frequência. Mas eu já tive de referir
antepassados mais recuados e utilizei, respectivamente, tetravó,
pentavó, hexavó, heptavó, octavó, nonavó,
decavó, undecavó e dodecavó. Estará correcto? E se quisesse
continuar, como deveria chamar à 13ª, 14ª e 15ª avó?
Com efeito, na denominação de antepassados directos, nomeadamente dos
avós,
os dicionários de língua portuguesa consultados não vão além de
bisavô,
trisavô e
tetravô/tataravô.
Todavia, com o desenvolvimento dos estudos em genealogia surgiu a necessidade de
nomear parentes mais afastados, o que pode levar a uma formação erudita análoga,
por exemplo, à dos sólidos geométricos, cuja designação é obtida a partir de
prefixos gregos ou latinos que designam os numerais cardinais (ex.:
pentaedro,
hexaedro,
heptaedro, etc.). Assim, para além de avó, bisavó (2ª),
trisavó (3ª), tetravó/tataravó (4ª), seria possível obter
pentavó (5ª), hexavó (6ª), heptavó (7ª), octavó (8ª),
nonavó [ou eneavó] (9ª), decavó (10ª), hendecavó [ou
undecavó] (11ª), dodecavó (12), tridecavó (13ª),
tetradecavó (14ª), pentadecavó (15ª), hexadecavó (16ª),
heptadecavó (17ª), octadecavó (18ª), eneadecavó [ou
nonadecavó] (19ª), icosavó (20ª). Hipoteticamente, seria possível
formar designações ainda mais recuadas como triacontavó (30ª),
pentacontavó (50ª) ou heptacontavó (70ª).