Posso utilizar a expressão e/ou em um texto formal? Se não, como escrevê-la? Posso escrever e ou ou e, ou?
As palavras e
e ou são conjunções coordenativas, isto é, relacionam termos que
podem ter a mesma função na frase (ex.: vou comprar umas calças azuis e
brancas; vou comprar umas calças azuis ou brancas), sendo que
a conjunção e indica adição (ex.: calças azuis e brancas)
e a conjunção ou indica alternativa (ex.: calças azuis ou
brancas).
A expressão e/ou é utilizada para exprimir de maneira económica e clara
três hipóteses, duas delas contidas numa alternativa (uma coisa ou
outra) e a outra contida numa adição (uma coisa e outra). Por
exemplo, numa frase como todos os utilizadores têm o direito de
rectificação e/ou eliminação dos seus dados pessoais, o texto
destacado indica que é possível 1) a rectificação dos seus dados pessoais, 2) a
eliminação dos seus dados pessoais, 3) a rectificação dos seus dados pessoais e
a eliminação dos seus dados pessoais. Os pontos 1) e 2) estão contidos na
alternativa com ou e o ponto 3) está contido na adição com e.
Não há qualquer motivo para a não utilização desta expressão num texto formal. A
barra indica opcionalidade entre o e e o ou:
rectificação e/ou eliminação dos seus dados pessoais = rectificação e eliminação dos seus dados pessoais / rectificaçãooueliminação dos seus dados pessoais.
Escreve-se interdisciplinaridade ou interdisciplinariedade? Também tenho dúvidas se devo escrever pré-estabelecidas ou preestabelecidas.
A forma correcta é interdisciplinaridade, como poderá confirmar no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Esta palavra resulta da aposição do prefixo inter- ao substantivo disciplinaridade, que, por sua vez, deriva da junção do sufixo -idade ao adjectivo disciplinar. A terminação -iedade não é um sufixo produtivo em português, pelo que a forma *interdisciplinariedade não se considera bem formada; as palavras terminadas em -iedade resultam normalmente da aposição do sufixo -edade a um adjectivo com a terminação átona -io (ex.: arbitrário > arbitrariedade; solidário > solidariedade) ou derivam directamente do latim (ex.: propriedade < latim proprietatis; variedade < latim varietatis).
Os dicionários de língua portuguesa registam as formas preestabelecer e preestabelecido, sem hífen, pois na sua formação está presente o prefixo pre-, com o qual nunca se usa hífen para fazer a separação do elemento posterior (ex.: prealegar, predefinição, preexistente). Este prefixo está relacionado com o sufixo pré-, que, segundo o Acordo Ortográfico, na base XXIX, exige sempre a utilização do hífen por se tratar de um prefixo com acentuação gráfica (ex.: pré-escolar, pré-histórico, pré-molar).