Gostaria
de saber qual destas frases está correcta e porquê: a) Se eu fosse rico,
ofereceria-lhe... b) Se eu fosse rico, oferecer-lhe-ia...
Quando utiliza um pronome clítico (ex.: o, lo, me, nos) com um verbo no futuro do indicativo (ex.
oferecer-lhe-ei) ou no
condicional, também chamado futuro do pretérito, (ex.: oferecer-lhe-ia), deverá fazer a mesóclise,
isto é, colocar o pronome clítico entre o radical do verbo (ex.: oferecer)
e a terminação que indica o tempo verbal e a pessoa gramatical (ex.: -ei ou
-ia). Assim
sendo, a frase correcta será Se eu fosse rico, oferecer-lhe-ia...
Esta colocação dos pronomes clíticos é aparentemente estranha em relação aos
outros tempos verbais, mas deriva de uma evolução histórica na língua portuguesa
a partir do latim vulgar. As formas do futuro do indicativo (ex.: oferecerei)
derivam de um tempo verbal composto do infinitivo do verbo principal (ex.: oferecer) seguido de uma forma do presente do verbo haver (ex.:
hei),
o que corresponderia hipoteticamente, no exemplo em análise, a oferecer hei.
Se houvesse necessidade de inserir um pronome, ele seria inserido a seguir ao
verbo principal (ex.: oferecer lhe hei). Com as formas do condicional (ex.
ofereceria), o caso é semelhante, com o verbo principal (ex.: oferecer)
seguido de uma forma do imperfeito do verbo haver (ex.: hia < havia), o
que corresponderia hipoteticamente, no exemplo em análise, a oferecer hia
e, com pronome, a oferecer lhe hia.
É de notar que a reflexão acima não se aplica se houver alguma palavra ou
partícula que provoque a próclise do clítico, isto é, a sua colocação antes do
verbo (ex.: Jamais lhe ofereceria flores. Sei que lhe ofereceria flores).
Situemo-nos na área da arquitectura ou da engenharia civil.
Imaginemos que falamos de uma tela retesada. Sob tensão.
Será erro clamoroso (claro que, clamoroso ou não, pouco importa. Sendo erro...)
Mas dizia eu: será erro nesse caso dizer e escrever "tela tensionada"?
Como poderá verificar no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o verbo tensionar (homófono de tencionar), formado a partir da aposição do sufixo -ar à forma latina tensio, -onis (tensão), tem o significado “deixar ou ficar sob tensão”.
É possível usar este verbo com qualquer material passível de extensão ou tensão (ex.: o fio tensionou-se mas não partiu; a altura do salto é controlada pelo monitor, tensionando o cabo), como revelam pesquisas em corpora e em motores de pesquisa da Internet.
O Dicionário Priberam regista também o adjectivo tensionado, particípio de tensionar, com o significado “que está sob tensão; que se tensionou”, pelo que a expressão tela tensionada está correcta.