Gostaria de saber qual a expressão mais correta a utilizar e se possível qual a justificação:
Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exa. que, hoje 24/10/2013, pelas 11H45, desloquei-me para a Rua do Carmo...
Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exa. que, hoje 24/10/2013, pelas 11H45, me desloquei para a Rua do Carmo…
No português de Portugal, se não houver algo que atraia o clítico para outra posição, a ênclise é a posição padrão, isto é, o clítico surge depois do verbo (ex.: Ele ofereceu-me um livro). Há, no entanto, um conjunto de situações em que o clítico é atraído para antes do verbo (próclise). Na frase em questão, a existência de uma conjunção subordinativa completiva (levar ao conhecimento que…) seria um dos contextos que atraem o clítico para antes do verbo.
No entanto, a utilização de ênclise (pronome clítico depois do verbo) nesta frase também é possível e não pode ser considerada incorrecta, uma vez que a existência de uma oração adverbial temporal intercalada entre a conjunção que e a forma verbal faz com que se perca a noção da necessidade da próclise. Reescrevendo-se a frase sem nenhuma oração entre a conjunção e o verbo, torna-se bastante mais notória a noção de agramaticalidade conferida pela posição pós-verbal do clítico, em contraponto com a posição pré-verbal, que não seria posta em causa por um falante nativo do português europeu:
a) *Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exa. que desloquei-me para a Rua do Carmo.
b) Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exa. que me desloquei para a Rua do Carmo.
Em conclusão, a posição mais consensual do pronome clítico na frase que refere é a pré-verbal (Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exa. que, hoje 24/10/2013, pelas 11H45, me desloquei para a Rua do Carmo). No entanto, a posição pós-verbal do clítico não pode ser considerada errada, devido à distância entre a conjunção e a forma verbal com o pronome clítico.
Gostaria de saber se o emprego do verbo ir na frase abaixo está correto:
Vocês irão? De acordo com o futuro do presente do indicativo a conjugação seria: eu irei, tu irás, ele irá, nós iremos, vós ireis, eles irão.
Portanto, irão é a forma verbal do futuro do presente do indicativo para a terceira pessoa do plural e não para a segunda pessoa do plural. Não é isso?
Como é referido no verbete
você
do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, este pronome e as suas flexões funcionam como forma de tratamento de 2.ª pessoa
(equivalente a tu / vós), mas obrigam à concordância do verbo com a
3.ª pessoa (equivalente a ele / eles). Por essa razão, usa-se você irá, vocês
irão e não *você irás, *vocês ireis (o asterisco indica agramaticalidade).