Numa pesquisa no Google, encontrei várias vezes a expressão "há espera", por exemplo: "torneios há espera de concorrentes". É correcto dizer "há espera"? Não será "à espera"?
No contexto que refere, deverá ser utilizada a locução prepositiva à espera de, que significa “aguardando por” (torneios à espera de concorrentes) e que poderá encontrar registada, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, que também regista a locução adverbial à espera (Ex.: os doentes já estão à espera há muito tempo). Esta locução tem estrutura semelhante a muitas outras locuções prepositivas em português (contracção da preposição a com o artigo definido a seguida de substantivo feminino e da preposição de), como, por exemplo, à beira de, à conta de, à disposição de, à frente de. A expressão há espera poderá apenas ser usada em contextos onde se pretenda dizer que "existe uma espera" (ex.: nos acessos à ponte há espera prolongada).
Como deve ser pronunciada a palavra parece
como na frase Ele parece estar cansado. Já ouvi a pronúncia aberta e
também a fechada na segunda sílaba. Também a palavra interesse, como no
caso Tenho interesse no assunto, coloca dúvidas.
A questão diz respeito à qualidade da última vogal do radical do verbo (ex.: parecer)
na terceira pessoa do presente do indicativo. No caso em apreço, não se trata de
uma característica pontual do verbo parecer, mas do sistema verbal da
segunda conjugação (a dos verbos em -er, a que pertence o verbo
parecer).
Nesta conjugação, quando as formas verbais são rizotónicas (isto
é, com acento tónico na última vogal do radical; ex.: parece,
pareça) e a última vogal do radical é e (ex.:
parecer, meter) ou o
(ex.: comer, socorrer), o padrão
fonético mais geral (com várias excepções) é:
a) ter a última vogal do radical fechada (isto é, com o som ê ou
ô, respectivamente) na primeira pessoa do singular do presente do
indicativo (ex.: eu pareço, eu socorro), no
presente do conjuntivo (ex.: que eu pareça, que eles socorram)
e na terceira pessoa do imperativo (ex.: socorram aquele homem).
b) ter a última vogal do radical aberta (isto é, com o som é ou
ó, respectivamente) na segunda e terceira pessoas do singular e na
terceira pessoa do plural do presente do indicativo (ex.: tu pareces,
eles socorrem) e na segunda pessoa do singular do imperativo
(ex.: socorre aquele homem).
No caso do substantivo interesse, a norma culta (apresentada por
dicionários, vocabulários e outras obras de referência) preconiza que a vogal
tónica (interesse) seja lida ê. Esta
pronúncia deverá diferenciar este substantivo da forma verbal interesse
correspondente à primeira e terceira pessoas do singular do presente do
conjuntivo do verbo interessar (que eu/ele interesse). No caso
deste verbo e dos outros verbos da primeira conjugação cuja última vogal do
radical é e (ex.: levar) ou o
(ex.: escovar, mostrar), a vogal do
radical nas formas rizotónicas é usualmente aberta (isto é, com o som é
ou ó, respectivamente; ex.: interesse, interessam,
levo, levem, escovo, escovas,
mostram, mostre).