Posso utilizar a expressão e/ou em um texto formal? Se não, como escrevê-la? Posso escrever e ou ou e, ou?
As palavras e
e ou são conjunções coordenativas, isto é, relacionam termos que
podem ter a mesma função na frase (ex.: vou comprar umas calças azuis e
brancas; vou comprar umas calças azuis ou brancas), sendo que
a conjunção e indica adição (ex.: calças azuis e brancas)
e a conjunção ou indica alternativa (ex.: calças azuis ou
brancas).
A expressão e/ou é utilizada para exprimir de maneira económica e clara
três hipóteses, duas delas contidas numa alternativa (uma coisa ou
outra) e a outra contida numa adição (uma coisa e outra). Por
exemplo, numa frase como todos os utilizadores têm o direito de
rectificação e/ou eliminação dos seus dados pessoais, o texto
destacado indica que é possível 1) a rectificação dos seus dados pessoais, 2) a
eliminação dos seus dados pessoais, 3) a rectificação dos seus dados pessoais e
a eliminação dos seus dados pessoais. Os pontos 1) e 2) estão contidos na
alternativa com ou e o ponto 3) está contido na adição com e.
Não há qualquer motivo para a não utilização desta expressão num texto formal. A
barra indica opcionalidade entre o e e o ou:
rectificação e/ou eliminação dos seus dados pessoais = rectificação e eliminação dos seus dados pessoais / rectificaçãooueliminação dos seus dados pessoais.
Gostaria de saber qual o plural de esfíncter: esfíncteres ou esfincteres? Tem ou não tem acento?
Os dois plurais
de esfíncter estão abonados por obras de referência, e qualquer um deles é válido.
A flexão do plural provoca, em algumas palavras esdrúxulas terminadas em
-r ou -n no singular, o deslocamento do acento tónico para a terceira sílaba a
contar do fim da palavra (ex.: especímenes, plural de espécimen,
lucíferes, plural de lúcifer)
ou para a segunda sílaba a contar do fim da palavra (ex.: juniores, plural de
júnior),
uma vez que, em português, as palavras isoladas têm acentuação tónica numa das
três últimas sílabas.
Aparentemente, por se tratar de uma palavra grave, não haveria necessidade de
alterar a acentuação do plural da palavra esfíncter, mas Rebelo
Gonçalves, no Vocabulário da Língua Portuguesa (Coimbra: Coimbra Editora,
1966), referência maior para a lexicografia portuguesa, regista esfincteres como plural
de esfíncter, à semelhança de, por exemplo,
caracteres, plural de carácter, que constitui um caso excepcional na
língua. Esta é também a opção seguida pela a edição portuguesa do Dicionário
Houaiss.
Outras importantes obras de referência, como o Grande Vocabulário da Língua Portuguesa
(Lisboa: Âncora Editora, 2001) e a maioria das obras lexicográficas publicadas
em Portugal e no Brasil, registam no entanto esfíncteres como
plural de esfíncter, não acrescentando esta palavra à reduzida lista de
excepções.