Seguindo o raciocínio das construções andar-andante, crer-crente, ouvir-ouvinte, propor-proponente, desejo saber se a palavra exercente (de exercer) está correta. Não a encontrei no dicionário.
Apesar de não se encontrar registada em nenhum dos dicionários de língua portuguesa por nós consultados, a palavra exercente encontra-se bem formada a partir da adjunção do sufixo -ente, que expressa as noções de “estado”, “qualidade” ou “relação”, ao verbo exercer. Se realizar uma
pesquisa num motor de busca da Internet, poderá verificar que esta palavra é muito utilizada em áreas como o Direito, quer como adjectivo (ex.: empresa exercente de uma actividade) quer como substantivo (ex.: o exercente do mandato), com o significado “que ou aquele que exerce (algo)”.
Tenho uma dúvida persistente sobre a pronúncia de algumas palavras que mudam a pronúncia do /ô/ por /ó/, como em ovo e ovos quando no plural. Existe alguma regra que me ajudaria nisto, haja visto que procurei em alguns dicionários e não encontrei referência alguma? Minhas maiores dúvidas são com respeito ao plural das palavras rosto, gostoso e aborto.
A letra o destacada em rosto(s) e em aborto(s)
pronuncia-se [o] (no alfabeto fonético, o símbolo [o] lê-se ô), vogal
posterior semifechada, como a letra o da primeira sílaba de
boda(s). Nestes casos, e contrariamente ao caso de ovo/ovos,
não existe alternância vocálica entre o singular e o plural (a este respeito,
veja-se a resposta plural com alteração do timbre da vogal tónica).
No caso de gostoso, há uma ligeira diferença entre a norma portuguesa e a
norma brasileira: em Portugal a primeira sílaba pronuncia-se g[u]s-
e no Brasil pronuncia-se g[o]s- (lê-se ô), quer no singular
quer no plural. Por outro lado, e tanto no português europeu como no brasileiro,
as palavras formadas com o sufixo -oso [ozu] (lê-se ô)
alteram no plural para -osos [ɔzuʃ]
(lê-se ó): assim, em Portugal
pronuncia-se gostoso [guʃ'tozu] no singular
e gostosos [guʃ'tɔzuʃ]
no plural; no Brasil lê-se gostoso [gos'tozu]
no singular e gostosos
[gos'tɔzus]
no plural.
Existem dicionários, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea
(Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa/Verbo, 2001) ou o Grande Dicionário
– Língua Portuguesa (Porto: Porto Editora, 2004), que possuem transcrição
fonética, geralmente de acordo com a norma de Lisboa e do Centro, de quase todas
as palavras a que dão entrada (no caso do Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea da Academia das Ciências também são transcritos plurais com
alternância vocálica ou com outras irregularidades fonéticas), pelo que poderão
constituir um instrumento de apoio para a resolução de dúvidas como esta.