Gostaria
de saber qual destas frases está correcta e porquê: a) Se eu fosse rico,
ofereceria-lhe... b) Se eu fosse rico, oferecer-lhe-ia...
Quando utiliza um pronome clítico (ex.: o, lo, me, nos) com um verbo no futuro do indicativo (ex.
oferecer-lhe-ei) ou no
condicional, também chamado futuro do pretérito, (ex.: oferecer-lhe-ia), deverá fazer a mesóclise,
isto é, colocar o pronome clítico entre o radical do verbo (ex.: oferecer)
e a terminação que indica o tempo verbal e a pessoa gramatical (ex.: -ei ou
-ia). Assim
sendo, a frase correcta será Se eu fosse rico, oferecer-lhe-ia...
Esta colocação dos pronomes clíticos é aparentemente estranha em relação aos
outros tempos verbais, mas deriva de uma evolução histórica na língua portuguesa
a partir do latim vulgar. As formas do futuro do indicativo (ex.: oferecerei)
derivam de um tempo verbal composto do infinitivo do verbo principal (ex.: oferecer) seguido de uma forma do presente do verbo haver (ex.:
hei),
o que corresponderia hipoteticamente, no exemplo em análise, a oferecer hei.
Se houvesse necessidade de inserir um pronome, ele seria inserido a seguir ao
verbo principal (ex.: oferecer lhe hei). Com as formas do condicional (ex.
ofereceria), o caso é semelhante, com o verbo principal (ex.: oferecer)
seguido de uma forma do imperfeito do verbo haver (ex.: hia < havia), o
que corresponderia hipoteticamente, no exemplo em análise, a oferecer hia
e, com pronome, a oferecer lhe hia.
É de notar que a reflexão acima não se aplica se houver alguma palavra ou
partícula que provoque a próclise do clítico, isto é, a sua colocação antes do
verbo (ex.: Jamais lhe ofereceria flores. Sei que lhe ofereceria flores).
Gostaria de esclarecer a dúvida seguinte: o predicado de uma frase pode ou não conter outros elementos como complementos directo e indirecto, circunstanciais, atributo, predicativo do sujeito? Pelo que leio na gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra e em outras parece que sim, mas surgiram dúvidas sobre o assunto na minha escola.
O predicado é um
conceito complexo. No entanto, e especialmente quando é o ensino e a
explicitação da língua o que está em causa, é necessário definir conceitos
operatórios. Assim, pode dizer-se que o predicado é constituído pelo verbo e
pelos constituintes que dele dependem (por oposição aos constituintes que
dependem da frase), correspondendo ao sintagma verbal. Por esta ordem de ideias,
o complemento directo e o complemento indirecto pertencerão necessariamente ao
predicado (ex.: ele ouviu um disco; o gato gostou da
refeição; o aluno entregou o trabalho ao professor),
assim como o predicativo do sujeito (ex.: a mãe está doente),
o predicativo do complemento directo (ex.: o grupo achou a proposta
interessante) ou o predicativo do complemento indirecto (ex.: ela
chamou incompetente ao colega).
Segundo o
Dicionário Terminológico,
o predicado é uma “função sintáctica desempenhada pelo grupo verbal e
pelos modificadores do grupo verbal”, sendo que o grupo verbal é constituído
pelo verbo e pelos seus complementos obrigatórios. Este dicionário, da responsabilidade da
Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da
Educação, visa contribuir para a discussão e resolução de problemas científicos
e pedagógicos, pode auxiliar a investigação imprescindível aos docentes e ajuda
ao esclarecimento de dúvidas como aquela que agora nos colocou.