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estragará

arrunhado | adj.

Que tem a saúde estragada....


lavável | adj. 2 g.

Que se pode lavar....


marado | adj.

Que perdeu a razão ou apresenta perturbações mentais....


mascavado | adj.

Não refinado (ex.: açúcar mascavado)....


putrescente | adj. 2 g.

Que está apodrecendo; que começa a putrefazer-se....


tocado | adj.

Em que se tocou....




Dúvidas linguísticas



É absurdo dizer "voltagem" é um termo da Física ou da Engenharia Eletrotécnica! O termo científico é Tensão Elétrica, diferença de potencial. "Voltagem" é calão, trata-se de linguagem não qualificada e que por excesso de uso entrou na linguagem corriqueira! Não existe "voltagem", nem "amperagem", nem "ohmagem", nem "wattagem", nem qualquer outro disparate a nível eletrotécnico!
Em relação à definição da palavra voltagem, o Dicionário Priberam regista os significados que ela apresenta na língua, nomeadamente o de "tensão eléctrica" (ex.: o ar condicionado pode parar de funcionar devido a uma grande oscilação de voltagem), tal como o fazem outros dicionários de português, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa ou o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Este registo corresponde a um uso efectivo na língua, que pode ser verificado em diversos corpora e motores de pesquisa, com ocorrências quer em texto técnico, quer em texto jornalístico, embora este uso seja pouco recomendável do ponto de vista terminológico, como se explica de seguida.

Regra geral, o nome das grandezas não deve fazer referência às unidades em que elas são expressas, mas há excepções consagradas pelo uso. A Comissão Electrotécnica Internacional (em inglês, International Electrotechnical Commission, IEC) que, juntamente com a Organização Internacional de Normalização (em inglês, International Organization for Standardization, ISO), é uma das entidades internacionais de normalização de tecnologias eléctricas, electrónicas e relacionadas, afirma isso mesmo no seu International Electrotechnical Vocabulary (IEV), disponível online desde 2007 em https://www.electropedia.org/.

Na entrada quantity name (nome de grandeza) o IEV faz a seguinte ressalva na nota 3 (tradução nossa): “Em princípio, o nome de uma grandeza não deve fazer referência a nenhum nome de unidade, embora haja excepções: por exemplo, “voltagem” e "molar", como qualificador de um nome de grandeza”.

A mesma obra, na entrada voltage faz a mesma ressalva na nota 2 (tradução nossa): «O nome “voltage”, comummente usado em língua inglesa, é uma excepção ao princípio de que um nome de grandeza não deve fazer referência a nenhum nome de unidade.»

Posteriormente ao IEV, a série de normas internacionais ISO 80000 ou IEC 80000, desenvolvidas e publicadas em conjunto pela ISO e pela IEC, também faz referência a esta questão.

A norma IEC 80000-6:2008, Quantities and units - Part 6: Electromagnetism, tem a seguinte nota no item 6-11.3 voltage, electric tension, quando apresenta os nomes, símbolos e definições das grandezas (tradução nossa): «O nome “voltage”, comummente usado em língua inglesa, é apresentado no IEV, mas é uma excepção ao princípio de que um nome de grandeza não deve fazer referência a nenhum nome de unidade.»

A excepção reflecte-se no texto da própria norma ISO 80000-6:2008, já que o termo voltage tem 21 ocorrências enquanto electric tension ocorre uma única vez em todo o documento.

Talvez com o intuito de clarificar a questão, a norma ISO 80000-1:2009, Quantities and units - Part 1: General, retoma o tema no seu Annex A, Terms in names for physical quantities, mais especificamente no ponto A.1 General (tradução nossa): «[...] Uma vez que as grandezas são sempre independentes da unidade em que são expressas, um nome de grandeza não deve reflectir o nome de nenhuma unidade correspondente. No entanto, existem algumas excepções a esta regra geral, como voltagem. O nome “tensão eléctrica” corresponde à voltagem em muitos idiomas além do inglês. Recomenda-se o uso de “tensão eléctrica” sempre que possível. [...]»

O texto desse anexo refere que esta não é uma questão exclusiva da língua inglesa, recomenda o uso de tensão eléctrica em vez de voltagem, mas não nega a existência deste último, nem impõe a sua eliminação, como também se pode ler no mesmo anexo (tradução nossa): «[...] Não é intenção deste anexo impor regras rigorosas para eliminar os desvios relativamente frequentes que foram incorporados nas várias linguagens científicas. No entanto, os princípios apresentados devem ser seguidos ao nomear novas grandezas. Além disso, na revisão de termos existentes, os desvios destes princípios devem ser examinados criticamente. [...]»

O Instituto Português da Qualidade (IPQ), entidade pública que, entre outras, desempenha funções de organismo nacional de normalização, não se pronuncia explicitamente sobre esta questão nas suas normas. Com efeito, as normas portuguesas NP 2626-112:2010 e NP 2626-121:2009, que correspondem aos capítulos do IEV onde são feitas as ressalvas e notas acima mencionadas, apenas apresentam os equivalentes portugueses dos termos ingleses e franceses definidos no IEV. A norma NP 2626-121:2009 apresenta o equivalente tensão (eléctrica) para o inglês voltage, reproduzindo o equivalente português que é apresentado no IEV. Nos preâmbulos dessas normas o IPQ afirma que elas apresentam “a versão portuguesa do Vocabulário Electrotécnico Internacional (VEI) segundo a CTE 1 e conforme a publicação em língua inglesa pelo Technical Committee 1 (Terminology) da IEC. [...] O VEI está disponível para consulta na página https://www.electropedia.org/.” Ao remeter para essa página, o IPQ remete também para as definições e para as notas aí presentes.

É muito provável que, como ficou exposto acima, o uso de voltagem em português decorra do uso do inglês voltage, termo que também nessa língua não será o mais recomendável terminologicamente, mas este é já um uso consagrado, presente inclusive noutras línguas, como catalão, espanhol, francês ou italiano, conforme pode verificar clicando nas hiperligações para dicionários dessas línguas.

Dada a riqueza da língua, cada falante terá sempre a opção de usar ou não determinadas palavras, consoante as suas necessidades, preferências ou a opção pelo rigor terminológico.




No vosso conversor para a nova ortografia, e em muitas respostas a dúvidas, utilizam a expressão "português europeu", por oposição a português do Brasil ou português brasileiro. Tenho visto noutros sítios a expressão português luso-africano. Não será mais correcta?
Como qualquer língua viva, o português não é alheio à variação linguística e contém diferentes variantes e variedades, nomeadamente a nível geográfico, social e temporal. O português falado em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores é designado por variedade europeia ou português europeu (ou ainda português de Portugal) e abrange inúmeros dialectos (divididos ou agrupados segundo características comuns). Esta designação de português europeu é frequentemente contraposta à de português do Brasil (ou português brasileiro ou americano), por serem as variedades do português mais estudadas e alvo de descrição linguística. Alguns dialectos do português de Angola e do português de Moçambique dispõem já de descrições e estudos, mas ainda sem muita divulgação fora do âmbito académico.

A designação de português luso-africano é, do ponto de vista linguístico, incorrecta, uma vez que as características do português de Portugal, como sistema linguístico, são diferentes das características do português falado em cada um dos países africanos de língua oficial portuguesa (nomeadamente do português de Angola, do português de Cabo Verde, do português da Guiné-Bissau, do português de Moçambique ou do português de São Tomé e Príncipe) ou de outros países (como Timor-Leste) ou territórios onde se fale o português. O único ponto em que poderá haver uma designação que indique uma aproximação luso-africana é exclusivamente em termos de norma ortográfica. Ainda assim, as práticas ortográficas divergem amiúde, principalmente no uso do apóstrofo em contextos não previstos no texto do Acordo Ortográfico de 1990 e das letras k, w e y em nomes comuns e não exclusivamente em nomes próprios ou derivados de nomes próprios estrangeiros. No que diz respeito ao léxico, à fonética ou à sintaxe, trata-se de variedades e normas com traços característicos que as distinguem.

Como as ferramentas linguísticas da gama FLiP não se limitam ao campo estrito da ortografia, mas ao processamento do português como língua natural, a Priberam não adopta o adjectivo luso-africano para qualificar português, variedade, norma ou palavra afim. Esta foi também, aparentemente, a opção da redacção do Acordo Ortográfico de 1990, onde é usada, na "Nota Explicativa", ponto 5.1, a expressão "português europeu" ("Tendo em conta as diferenças de pronúncia entre o português europeu e o do Brasil, era natural que surgissem divergências de acentuação gráfica entre as duas realizações da língua.").


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