Como se pronuncia a letra E quando falamos a, e, i, o, u? a, é ou e, i... E
no alfabeto? A, b, c, d, e ou é... Quando vamos nos referir a
letra e ou é numa palavra, como devemos pronunciar? Por exemplo,
indaguei a um colega quantas letras E deveria colocar na palavra meeting.
Ele me respondeu que não era letra e, mas sim letra é que deveria
empregar. Qual seria a resposta correta?
O nome da letra E deverá ser lido [È]
(este é o símbolo do alfabeto fonético equivalente ao E das palavras pé
ou fera). Quanto à pronúncia
da letra E, ela pode corresponder a vários sons, consoante o contexto e, por
vezes, consoante as características lexicais de cada palavra. Assim, esta letra
pode corresponder à vogal [È] como em pé, fera
ou papel; à vogal [e] como em
dedo, seu ou vê; à vogal
[i] como em e (conjunção) ou eléctrico;
à vogal [i] como em estudante;
à vogal [á]
como em coelho, igreja, senha
ou eira; à semivogal [j] como em área
ou pães.
Da mesma forma, o nome da letra R é erre,
mas não se pronuncia erre numa palavra (pronuncia-se [r] entre vogais,
depois de uma consoante da mesma sílaba ou em final de palavra, como em caro,
cobra ou falar; pronuncia-se [R] em
início de palavra, em início de sílaba ou quando está duplicado como em
rua, palrar, tenro ou carro).
Se me permitem, vou transcrever-vos duas frases que me surgiram e
alterei, por senti-las erradas. Agradeço antecipadamente a vossa ajuda. Frase 1:
A estabilidade e a sincronização facultam-nos o grau de previsibilidade que
precisamos para funcionarmos como indivíduos em grupos sociais e especialmente
na economia. Para além de ter corrigido o que precisamos - parece-me
que deve ser de que precisamos, lá vem a grande questão. Transformei o
funcionarmos em funcionar. De que precisamos para funcionar.
Puro instinto, e espero que acertado. Há uma regra geral? Frase 2: E das
velhinhas enregeladas, nas escadarias dos edifícios públicos, a tentar vender
uma esferográfica ou uma pega de cozinha – os seus únicos pertences. Aqui
foi o contrário. Achei que o correcto seria a tentarem vender.
As dúvidas colocadas relativamente às frases 1 e 2
dizem essencialmente respeito ao uso do infinitivo pessoal (ou flexionado) e do
infinitivo impessoal (ou não flexionado).
A alteração na frase 1 de "para funcionarmos"
para "para funcionar" na oração final não é obrigatória, mas é possível
por questões de eufonia e por se tratar do mesmo sujeito da oração relativa (que
[nós] precisamos) de que depende; sobre este assunto, por favor consulte a
resposta infinitivo em orações adverbiais finais (de notar que se o sujeito
estivesse explícito na oração final, esta alteração não seria possível: *o
grau de previsibilidade que precisamos para nós funcionar).
A alteração na frase 2 de "velhinhas [...] a
tentar vender" para "velhinhas [...] a tentarem vender" também não é
obrigatória, e terá igualmente causas eufónicas, uma vez que, neste contexto de
infinitivo antecedido da preposição a e sem verbo auxiliar, pode ocorrer
tanto o infinitivo pessoal como o infinitivo impessoal. Este tipo de estrutura
pode ser substituído por um gerúndio (ex.: "velhinhas [...] tentando vender"),
pelo que se designa por infinitivo gerundivo (cf. Maria Helena Mira
MATEUS et al., Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa: Editorial Caminho,
5.ª ed., 2003, pp. 643-645) e também por infinitivo de narração ou
infinitivo histórico (cf. Celso CUNHA e Lindley CINTRA, Nova Gramática do
Português Contemporâneo, Lisboa: Sá da Costa, p. 483 e Evanildo BECHARA,
Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro: Lucerna, 37.ª ed., 2002, p.
284 e p. 528).
Relativamente
à alteração de "que precisamos" para "de que precisamos", por
favor consulte as respostas convencido de que e regência de precisar.