Os dados que nos fornece relativamente ao primeiro “erro” assinalado não são
suficientes para emitir opiniões sobre a sua (in)correcção. O que lhe podemos
indicar é que o adjectivo inabusivo não se encontra averbado pelos
principais dicionários de língua. Ainda assim, inabusivo obedece às
regras de boa formação morfológica, tal como outros casos atestados
lexicograficamente: inactivo, inafectivo, inafirmativo,
etc.
Quanto ao segundo “erro” assinalado, o que parece causar estranheza nessa
construção é a dupla adjectivação da palavra solução (“difícil solução
profícua”), que dificulta a interpretação desse sintagma e, por conseguinte, de
toda a frase. Se utilizarmos apenas o primeiro adjectivo, como em “Questão de
carácter complexo e de difícil solução.”, verificamos que a frase se torna mais
clara. Deve ter sido por essa razão que o comentário registado na sua redacção
pedia para evitar termos difíceis, dado que, neste caso, turva o sentido que se
pretende transmitir. O uso de termos “difíceis”, característicos de um registo
de língua mais formal, não é, porém, condenável, é opcional, sendo sobretudo uma
questão de estilo. O que convém não fazer é utilizar abusivamente esses termos em contextos não formais,
o que pode dar uma falsa ideia de erudição.