Cronopata é erro? Pela sua etimologia, creio que estaria correctamente no dicionário... Mas não consta... Neologismo? Porque ainda não adoptado oficialmente?
As palavras cronopatia e cronopata, apesar de não se encontrarem registadas em nenhum dos dicionários de língua portuguesa por nós consultados, estão correctamente formadas (com os elementos de formação crono-, derivado do grego khrónos, que significa “tempo”, e -patia e -pata, derivados do grego páthe, que significa “doença” ou “dor”). Na medicina, a cronopatia pode designar o conjunto de patologias que estão relacionadas com desvios, atrasos ou avanços no crescimento; pode também referir-se à incapacidade para gerir o tempo ou para cumprir horários. Cronopata será a pessoa que sofre de alguma destas patologias.
Gostaria de saber se escrever ou dizer o termo deve de ser é correcto?
Eu penso que não é correcto, uma vez que neste caso deverá dizer-se ou escrever
deverá ser... Vejo muitas pessoas a usarem este tipo de linguagem no seu
dia-a-dia e penso que isto seja uma espécie de calão, mas já com grande
influência no vocabulário dos portugueses em geral.
Na questão que nos coloca, o verbo dever comporta-se como um verbo
modal, pois serve para exprimir necessidade ou obrigação, e como verbo
semiauxiliar, pois corresponde apenas a alguns dos critérios de auxiliaridade
geralmente atribuídos a verbos auxiliares puros como o ser ou o estar
(sobre estes critérios, poderá consultar a Gramática da Língua Portuguesa,
de Maria Helena Mira Mateus, Ana Maria Brito, Inês Duarte e Isabel Hub Faria,
pp. 303-305). Neste contexto, o verbo dever pode ser utilizado com ou sem
preposição antes do verbo principal (ex.: ele deve ser rico = ele deve
de ser rico). Há ainda autores (como Francisco Fernandes, no Dicionário
de Verbos e Regimes, p. 240, ou Evanildo Bechara, na sua Moderna
Gramática Portuguesa, p. 232) que consideram existir uma ligeira diferença
semântica entre as construções com e sem a preposição, exprimindo as primeiras
uma maior precisão (ex.: deve haver muita gente na praia) e as segundas
apenas uma probabilidade (ex.: deve de haver muita gente na praia). O uso
actual não leva em conta esta distinção, dando preferência à estrutura que
prescinde da preposição (dever + infinitivo).