Sou utilizadora do FLiP e ao utilizá-lo surgiu-me uma dúvida:
Na palavra livra-lo o FLiP não assinala a falta de acentuação. Isto é, aceita com e sem acento. Gostaria de saber se há uma forma de assegurar que a falta de acentuação é encontrada.
O FLiP não pode assinalar falta de acentuação em livra-lo, pelo menos isoladamente. Isto porque tal forma corresponde à 2.ª pessoa do presente do indicativo do verbo livrar, pronominalizada com -(l)o(s) / -(l)a(s). Esta forma com ênclise é por vezes confundida com livrá-lo (infinitivo impessoal) e até com livra-o (3.ª pessoa do presente do indicativo e 2.ª do imperativo), ambas igualmente correctas, como se pode ver nos seguintes exemplos:
(i) Tu livras o João da prisão? = Tu livra-lo da prisão? [2.ª pessoa do presente do indicativo]
(ii) O advogado conseguiu livrar o João da prisão. = O advogado conseguiu livrá-lo da prisão. [infinitivo impessoal]
(iii) Ele livra o João da prisão. = Ele livra-o da prisão. [3.ª pessoa do presente do indicativo]
(iv) Por favor, livra o João da prisão! = Por favor, livra-o da prisão! [2.ª pessoa do imperativo]
Qual das expressões é a correcta: de forma a ou por forma a? Caso ambas estejam correctas, qual a diferença entre elas e quando usar uma ou outra?
As duas expressões estão correctas e são locuções prepositivas sinónimas, significando ambas “para”, “a fim de” ou “de modo a” e indicando um fim ou objectivo (ex.: procedeu cautelosamente de forma a/por forma a evitar erros), sendo a locução por forma a menos usada que de forma a, como se pode verificar pela pesquisa em corpora e motores de busca na internet.
Ambas se encontram registadas em dicionários de língua portuguesa.
Estas duas expressões, construídas com a preposição a, pertencem a um
conjunto de locuções (do qual fazem parte de modo a ou de maneira a)
cujo uso é desaconselhado por alguns puristas, com o argumento de que se trata
de expressões de influência francesa, o que, neste caso, não parece constituir
argumento suficiente para as considerar incorrectas. Acresce ainda que, em
qualquer dos casos, locuções prepositivas como de/por forma a, de maneira a
ou de modo a desempenham a mesma função da preposição para,
que neste contexto introduz frases subordinadas infinitivas adverbiais de fim
(ex.: procedeu cautelosamente para evitar erros), da mesma
forma que, com alterações ao nível dos tempos verbais, as locuções conjuncionais
de/por forma que, de maneira que ou de modo que desempenham a
função da locução conjuncional para que, que neste contexto introduz
frases subordinadas finitas adverbiais de fim (ex.: procedeu
cautelosamente para que evitasse erros). Não
parece assim haver motivo para deixar de usar umas ou outras.