Diz-se de um ácido orgânico azotado, presente em fraquíssima dose no sangue, em dose menos fraca na urina (0,5 g por litro), e que provém da degradação no organismo das purinas....
Relativo à urodinâmica ou ao estudo do armazenamento, transporte, retenção e esvaziamento da urina na bexiga e na uretra (ex.: avaliação urodinâmica; estudo urodinâmico)....
Escreve-se interdisciplinaridade ou interdisciplinariedade? Também tenho dúvidas se devo escrever pré-estabelecidas ou preestabelecidas.
A forma correcta é interdisciplinaridade, como poderá confirmar no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Esta palavra resulta da aposição do prefixo inter- ao substantivo disciplinaridade, que, por sua vez, deriva da junção do sufixo -idade ao adjectivo disciplinar. A terminação -iedade não é um sufixo produtivo em português, pelo que a forma *interdisciplinariedade não se considera bem formada; as palavras terminadas em -iedade resultam normalmente da aposição do sufixo -edade a um adjectivo com a terminação átona -io (ex.: arbitrário > arbitrariedade; solidário > solidariedade) ou derivam directamente do latim (ex.: propriedade < latim proprietatis; variedade < latim varietatis).
Os dicionários de língua portuguesa registam as formas preestabelecer e preestabelecido, sem hífen, pois na sua formação está presente o prefixo pre-, com o qual nunca se usa hífen para fazer a separação do elemento posterior (ex.: prealegar, predefinição, preexistente). Este prefixo está relacionado com o sufixo pré-, que, segundo o Acordo Ortográfico, na base XXIX, exige sempre a utilização do hífen por se tratar de um prefixo com acentuação gráfica (ex.: pré-escolar, pré-histórico, pré-molar).
Tenho uma dúvida: a gramática da língua portuguesa não diz que um advérbio antes do verbo exige próclise? Não teria de ser "Amanhã se celebra"?
Esta questão diz respeito a uma diferença, sobretudo no registo coloquial,
entre as variedades europeia e brasileira do português, que, com a natural
evolução da língua, se foram distanciando relativamente a este fenómeno
linguístico. No que é considerado norma culta (portuguesa e brasileira), porém,
sobretudo na escrita, e em registo formal, ainda imperam regras da gramática
tradicional ou normativa, fixas e pouco permissivas.
No português de Portugal, se não houver algo que atraia o pronome pessoal átono,
ou clítico, para outra posição, a ênclise é a posição padrão, isto é, o pronome
surge habitualmente depois do verbo (ex.: Ele mostrou-me o quadro);
os casos de próclise, em que o pronome surge antes do verbo (ex.: Ele não
me mostrou o quadro), resultam de condições particulares, como as que
são referidas na resposta à dúvida
posição dos clíticos. Nessa resposta sistematizam-se os principais
contextos em que a próclise ocorre na variante europeia do português, sendo um
deles a presença de certos advérbios ou locuções adverbiais, como ainda
(ex.: Ainda ontem as vi), já (ex.: Já o conheço
bem), oxalá (ex.: Oxalá se mantenha assim), sempre
(ex.: Sempre o conheci atrevido), só (ex.: Só lhes
entreguei o documento hoje), talvez (ex.: Talvez te lembres
mais tarde) ou também (ex.: Se ainda estiverem à venda, também
os quero comprar). Note-se que a listagem não é exaustiva nem se aplica
a todos os advérbios e locuções adverbiais, pois como se infere a partir de
pesquisas em corpora com advérbios como hoje (ex.: Hoje
decide-se a passagem à final) ou com locuções adverbiais como mais tarde
(ex.: Mais tarde compra-se outra lente), a tendência na norma europeia é
para a colocação do pronome após o verbo. A ideia de que alguns advérbios (e não
a sua totalidade) atraem o clítico é aceite até por gramáticos mais
tradicionais, como Celso Cunha e Lindley Cintra, que referem, na página 313 da
sua Nova Gramática do Português Contemporâneo, que a língua portuguesa
tende para a próclise «[...] quando o verbo vem antecedido de certos advérbios (bem,
mal, ainda, já, sempre, só, talvez, etc.) ou expressões adverbiais, e não
há pausa que os separe».
No Brasil, a tendência generalizada, sobretudo no registo coloquial de língua, é
para a colocação do pronome antes do verbo (ex.: Ele me mostrou o
quadro). Daí a relativa estranheza que uma frase como Amanhã celebra-se o
Dia Mundial do Livro possa causar a falantes brasileiros que produzirão mais
naturalmente um enunciado como Amanhã se celebra o Dia Mundial do Livro.
O gramático brasileiro Evanildo Bechara afirma, na página 589 da sua Moderna
Gramática Portuguesa, que «Não se pospõe pronome átono a verbo modificado
diretamente por advérbio (isto é, sem pausa entre os dois, indicada ou não por
vírgula) ou precedido de palavra de sentido negativo.». Contrariamente a Celso
Cunha e Lindley Cintra, Bechara propõe um critério para o uso de próclise que
parece englobar a totalidade dos advérbios. Resta saber se se trata de um
critério formulado a partir do tendência brasileira para a próclise ou de uma
extensão da regra formulada pela gramática tradicional. Estatisticamente, porém,
é inequívoca a diferença de uso entre as duas normas do português.