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vias de fato

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viavia
( vi·a

vi·a

)


nome feminino

1. Rua, caminho ou estrada (ex.: a grua obstruía a circulação na via).

2. Itinerário, direcção, linha, rumo.

3. Modo de transporte.

4. O espaço compreendido entre os carris de uma linha férrea. = CAMINHO-DE-FERRO, VIA-FÉRREA

5. Meio, intermédio.

6. Método, sistema, modo ou maneira de executar alguma coisa, ou meio empregado para consegui-la.

7. Modo de agir ou de conduzir-se. = CONDUTA

8. [Anatomia] [Anatomia] Ducto ou estrutura do corpo que permite a deslocação ou circulação de fluidos ou de matérias orgânicas (ex.: vias respiratórias).

9. [Comércio] [Comércio] Exemplar de letra cambial.

10. Cada um dos exemplares de um documento (ex.: pediu uma segunda via do recibo; o texto para o concurso deve ser enviado em três vias).

11. [Figurado] [Figurado] Desígnio.


preposição

12. Através de (ex.: transmissão via satélite). = POR


por via das dúvidas

Por precaução; por segurança. = PELO SIM, PELO NÃO

por via de

Por causa de; devido a (ex.: por via disso, o pedido é indeferido).

por via de regra

Geralmente, habitualmente, normalmente.

via estreita

[Termo ferroviário] [Termo ferroviário]  Bitola estreita de comboio, carro eléctrico, etc.

via Láctea

Larga faixa esbranquiçada, formada por uma infinidade de estrelas, que se vê no céu durante as noites serenas. (Geralmente com inicial maiúscula.)

via pedonal

Caminho para pedestres.

via pública

Via de comunicação terrestre destinada ao trânsito público.

via rápida

Estrada com acessos condicionados e sem cruzamentos ao mesmo nível, destinada ao trânsito de veículos automóveis, pela qual se circula com maior rapidez.

vias de facto

Pancadas, golpes ou actos de violência; luta corporal (ex.: discutiram e quase chegaram a vias de facto).

etimologiaOrigem etimológica:latim via, viae.

Auxiliares de tradução

Traduzir "vias de fato" para: Espanhol Francês Inglês


Dúvidas linguísticas



Procuro uma expressão que designe um local com múltiplas actividades (loja, museu, biblioteca, restaurante, etc; mecânica, pintura, manutenção, parqueamento, etc. de barcos) relacionadas com o mar. Pensei nas expressões complexo náutico, centro náutico, complexo naval e centro naval. Poderão elucidar-me qual o significado, etimologia e distinção dos termos náutico e naval? E qual a distinção, significado, etimologia e sinónimos dos termos centro e complexo, na acepção pretendida? Poderão ainda sugerir a designação mais própria para um local daquele género?
Ambos os adjectivos que refere podem ser utilizados para referir realidades que estejam relacionadas, não directamente com o mar (para tal existem os adjectivos marinho ou marítimo), mas com a navegação. O adjectivo náutico deriva do latim nauticus e naval do latim navalis. São palavras sinónimas: ambas se referem a tudo que o que está relacionado com a navegação, apesar de naval se referir especificamente numa das suas acepções à marinha de guerra. Nos contextos que refere, podem ser usadas quase indistintamente, apesar de o termo naval poder induzir em erro, pois é possível que tenha como referente imediato a marinha de guerra e não qualquer tipo de navegação.

Um centro (do latim centrum) pode ser um local onde se encontram actividades do mesmo género, tendo como sinónimos núcleo e agrupamento; complexo (do latim complexus) pode ser um conjunto de construções ou edifícios que estão coordenados entre si.

Pelo que foi exposto, parece-nos que a melhor solução será centro náutico, uma vez que se pretende focalizar sobretudo o facto de ser um local que engloba diversas actividades relacionadas com a navegação e com embarcações.




Sou portuguesa e trabalho com colegas brasileiros e sei que eles escrevem Bahia, Cingapura e Irã quando eu escrevo Baía, Singapura e Irão. Não tenho ouvido falar destes casos quando se fala do novo Acordo Ortográfico. Como é que fica agora?

Alguns topónimos têm tradicionalmente grafias ou pronúncias diferentes na norma europeia e na norma brasileira. É o caso, por exemplo, de Amesterdão, Bagdad ou Bagdade, Gronelândia, Havai, Jugoslávia, Madagáscar, Madrid, Médio Oriente, Moscovo, Vietname na norma europeia, que correspondem usualmente a Amsterdã, Bagdá, Groenlândia, Havaí, Iugoslávia, Madagascar, Madri, Oriente Médio, Moscou, Vietnã na norma brasileira. É aqui que se inserem também os topónimos Baía e Irão, mais usuais no português de Portugal, e Bahia e Irã, mais usuais no português de Brasil.

Em geral, o novo Acordo Ortográfico de 1990 não se pronuncia em relação a topónimos (nomes de lugares) ou outros nomes próprios, pois trata-se de uma questão lexical e não ortográfica, a não ser que se trate de um padrão ortográfico específico previsto numa das bases do Acordo (ex.: Castanheira de Pêra, Côa, Tróia). Por este motivo, estas diferenças não são resolvidas e deverão manter-se com a aplicação do Acordo.

O caso de Singapura/Cingapura parece ser diferente, apesar de ter sido também, até ao Acordo Ortográfico de 1990, um caso em que a tradição lexicográfica (isto é, o registo em dicionários e vocabulários) portuguesa e brasileira divergia.
Esta divergência vinha pelo menos do Acordo Ortográfico de 1945 (que o Brasil não aplicou), onde se pode ler, na Base V, "[...] 3.° Distinção entre as sibilantes surdas s, ss, c, ç e x: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa [...]" [sublinhado nosso]. Anos antes, em 1940, era Cingapura a forma registada no Vocabulário da Academia das Ciências de Lisboa, considerada "grafia preferível a Singapura". A explicação para a alteração preconizada pelo Acordo de 1945 é dada por Rebelo Gonçalves, no seu Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (Coimbra: Atlântida - Livraria Editora, L.da, 1947, p. 41, nota 4): "Se bem que o Vocabulário da A. C. L. tenha registado a escrita com c, Cingapura, fundando-se na preferência que lhe dão filólogos do nosso tempo (entre outros, Cândido de Figueiredo, Novo Dicionário, "Apenso Geográfico"), não nos repugna, antes pelo contrário, que na Base V do Acordo Ortográfico se haja preferido Singapura. A verdade é que se a escrita com c tem abonação de Barros, Camões, Castanheda (Cincapura), Mendes Pinto (idem), a escrita com s ocorre também em escritores antigos, como Galvão (Sincapura), Couto (idem), Godinho de Herédia (idem), Bocarro (Sincapur); é a que se torna corrente do século XVIII em diante [...]; e tem a vantagem, decerto apreciável, de não destoar das formas correspondentes de outras línguas modernas."

O Acordo Ortográfico de 1990, aceite pelos dois países, viria, aparentemente, pôr fim a esta divergência, uma vez que esta parte do texto legal é quase igual à de 1945: "[...] 3.º Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa [...]" [sublinhado nosso]. É então referida explicitamente a forma Singapura, mas o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras (São Paulo: Global, 2009, 5.ª ed.; versão em linha em http://www.academia.org.br/nossa-lingua/vocabulario-ortografico [consultado em 2016-05-05]) regista os gentílicos cingapurense e cingapuriano, a par de singapurense (note-se que este vocabulário não regista nomes próprios). Este facto parece ter condicionado a manutenção das variantes com c em alguns dicionários com a aplicação do Acordo Ortográfico, nomeadamente o Dicionário Priberam, uma vez que o VOLP é considerado a obra de referência para o português do Brasil, fazendo com que as duas variantes (singapurense e cingapurense) sejam aceitáveis no português do Brasil, mesmo depois da aplicação do Acordo Ortográfico.

Deve referir-se que esta não é a única opção que decorre da publicação do VOLP e não da aplicação do Acordo Ortográfico; veja-se, sobre este assunto, o que é dito nos Critérios da Priberam relativamente ao Acordo Ortográfico de 1990 (português do Brasil).