Procuro uma expressão que designe um local com múltiplas actividades (loja,
museu, biblioteca, restaurante, etc; mecânica, pintura, manutenção,
parqueamento, etc. de barcos) relacionadas com o mar. Pensei nas expressões complexo náutico, centro náutico, complexo naval e centro naval. Poderão elucidar-me qual o significado, etimologia e distinção dos termos náutico e naval? E qual a distinção, significado, etimologia e sinónimos dos termos centro e complexo, na acepção pretendida? Poderão ainda sugerir a designação mais própria para um local daquele género?
Ambos os adjectivos que refere podem ser utilizados para referir realidades
que estejam relacionadas, não directamente com o mar (para tal existem os
adjectivos marinho ou marítimo), mas com a navegação. O adjectivo
náutico deriva do latim nauticus e naval do latim
navalis. São palavras sinónimas: ambas se referem a tudo que o que está
relacionado com a navegação, apesar de naval se referir especificamente
numa das suas acepções à marinha de guerra. Nos contextos que refere, podem ser
usadas quase indistintamente, apesar de o termo naval poder induzir em
erro, pois é possível que tenha como referente imediato a marinha de guerra e
não qualquer tipo de navegação.
Um centro (do latim centrum) pode ser um local onde se encontram
actividades do mesmo género, tendo como sinónimos núcleo e agrupamento;
complexo (do latim complexus) pode ser um conjunto de construções ou
edifícios que estão coordenados entre si.
Pelo que foi exposto, parece-nos que a melhor solução será centro náutico,
uma vez que se pretende focalizar sobretudo o facto de ser um local que engloba
diversas actividades relacionadas com a navegação e com embarcações.
A minha dúvida é a respeito da etimologia de determinadas palavras cuja raiz é de origem latina, por ex. bondade, sensibilidade, depressão, etc. No Dicionário Priberam elas aparecem com a terminação nominativa mas noutros dicionários parece-me que estão na terminação ablativa e não nominativa. Gostaria que me esclarecessem.
O Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa regista, por exemplo, na etimologia de
bondade,
sensibilidade ou
depressão, as formas que são normalmente enunciadas
na forma do nominativo, seguida do genitivo: bonitas, bonitatis (ou
bonitas, -atis); sensibilitas, sensibilitatis (ou
sensibilitas, -atis) e depressio, depressionis (ou
depressio, -onis).
Noutros dicionários
gerais de língua portuguesa, é muito usual o registo da etimologia latina
através da forma do acusativo sem a desinência -m (não se trata, como à
primeira vista pode parecer, do ablativo). Isto acontece por ser o acusativo o
caso lexicogénico, isto é, o caso latino que deu origem à maioria das palavras
do português, e por, na evolução do latim para o português, o -m da
desinência acusativa ter invariavelmente desaparecido. Assim, alguns dicionários registam, por exemplo, na etimologia de bondade, sensibilidade ou depressão, as formas bonitate, sensibilitate e depressione,
que foram extrapoladas, respectivamente, dos acusativos bonitatem,
sensibilitatem e depressionem.
Esta opção de apresentar o acusativo apocopado pode causar alguma perplexidade
nos consulentes dos dicionários, que depois não encontram estas formas em
dicionários de latim. Alguns dicionários optam por assinalar a queda do -m,
colocando um hífen no final do étimo latino (ex.: bonitate-, sensibilitate-,
depressione-). Outros, mais raros, como o Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa ou o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa optaram por enunciar os étimos
latinos (ex.: bonitas, -atis; sensibilitas, -atis, depressio, -onis),
não os apresentando como a maioria dos dicionários; o Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa não enuncia o
étimo latino dos verbos, referenciando apenas a forma do infinitivo (ex.:
fazer < facere; sentir < sentire).