Devo usar o termo implementador, ou aconselham algum outro?
O vocábulo implementador parece ser de formação recente (a partir de
implementar + sufixo -dor) e não se encontra averbado pelos
principais dicionários de língua. Ainda assim, implementador obedece às
regras de boa formação morfológica, tal como outros casos formados a partir do
sufixo -dor (exprimindo a noção de "agente") e que já se encontram
atestados lexicograficamente: alimentador, desfragmentador,
instrumentador, etc.
Pesquisas em corpora e em motores de busca da Internet revelam que o
termo implementador vem sendo usado, sobretudo na área da informática,
como adjectivo (ex.: entidade implementadora, parceiros implementadores)
e como substantivo, designando a pessoa ou a entidade que implementa (ex.:
implementadores de páginas HTML, a empresa surgiu no mercado das tecnologias de
informação como implementadora).
Relativamente às entradas cò e co- do
dicionário, tenho duas dúvidas que gostaria me pudessem esclarecer:
1.ª Em que base do Acordo Ortográfico de 1990 se especifica que as contrações deixam de levar acento
grave?
2.ª Se co- leva hífen antes de h, por que motivo é
coabitação e não pode ser coerdeiro? Adicionalmente, creio que no
Acordo Ortográfico de 1990 se estabelece que co é exceção, e não leva hífen antes de o.
Para maior clareza na nossa resposta às suas questões, mantivemos a sua
numeração original:
1. Com o
Acordo Ortográfico de 1990, o uso do acento grave em algumas contracções
ficou mais restringido.
A Base XXIV do
Acordo Ortográfico de 1945, que regia a ortografia portuguesa antes de o
Acordo de 1990 entrar em vigor, admitia o acento grave na contracção da
preposição a com o artigo definido ou pronome demonstrativo o (e
suas flexões) e ainda “em contracções idênticas em que o primeiro elemento é uma
palavra inflexiva acabada em a”. É neste contexto que se inseria o acento
grave em contracções como prò (de pra, redução de para + o)
ou cò (de ca, conjunção arcaica + o). Segundo o Acordo de
1990 (cf.
Base XII), não estão previstos outros contextos para o acento grave para
além da contracção da preposição a com as formas femininas do artigo ou
pronome demonstrativo o (à, às) e com os demonstrativos aquele
e aqueloutro e respectivas flexões (ex.: àquele, àqueloutra).
2. O prefixo co- deverá, como refere, ser seguido de hífen antes de
palavra começada por h (cf.
Base XVI, 1.º, a), como em co-herdeiro. A justificação para a
ausência de hífen em coabitar, coabitação e derivados é o facto de estas
palavras, segundo a informação etimológica à nossa disposição, derivarem
directamente do latim e não se terem formado no português.
Relativamente à sua última afirmação, de facto, o prefixo co- constitui
uma excepção à regra que preconiza o uso do hífen quando o segundo elemento
começa pela mesma vogal em que termina o primeiro (cf.
Base XVI, 1.º, b); Obs.); isto é, o prefixo co- não será seguido de hífen
mesmo se o elemento seguintes começar por o (ex.: coobrigar, ao
contrário de micro-ondas).