1. O verbo deve sempre concordar em número e pessoa com o sujeito, caso ele
exista. Como, neste caso, o sujeito é plural (os Camarões), o verbo
deverá estar igualmente no plural (ex.: Os Camarões são um Estado africano).
No entanto, caso decidisse pelo uso de um precedente que designasse a
organização política desse Estado, o verbo teria de concordar com essa
designação e não com o nome do topónimo propriamente dito (ex.: A república
dos Camarões situa-se no continente africano).
2. O Acordo Ortográfico de
1990 não se pronuncia explicitamente sobre esta questão, o mesmo acontecendo
com o Acordo Ortográfico
de 1945 e o Formulário
Ortográfico de 1943, os textos legais anteriormente em vigor,
respectivamente, para a norma europeia e para a norma brasileira do português.
Sobre esta questão, Rebelo Gonçalves pronuncia-se no seu Tratado de
Ortografia da Língua Portuguesa (Coimbra: Atlântida, 1947, pp. 337-339),
dizendo que se emprega minúscula inicial “Nos substantivos que significam
acidentes geográficos, tais como arquipélago, baía, cabo,
ilha, lago, mar, monte, península, rio,
serra, vale e tantos outros, quando seguidos de designações que os
especificam toponimicamente". O autor lista como exemplos arquipélago dos
Açores, baía de Guanabara, ilha da Madeira, ilhas Berlengas,
ilha Terceira, mar Mediterrâneo ou monte Branco, entre
outros. Nesta regra inserir-se-ia o topónimo ilhas Maurícias, uma
vez que a palavra ilhas, neste caso, apenas indica as características
geográficas das Maurícias
(designação comum da República da Maurícia, em português de Portugal, ou
República de Maurício, em português do Brasil)
. Rebelo Gonçalves
especifica algumas excepções a esta regra,
quando, por exemplo, se utilizam topónimos em nomes de vias públicas (
Rua da
Ilha do Faial e não
Rua da ilha do Faial) ou em títulos de obras (
Tragicomédia
Pastoril da Serra da Estrela e não
Tragicomédia Pastoril da serra da
Estrela). Estabelece ainda outra excepção quando se trata de combinações
vocabulares que formam locuções ou compostos toponímicos, i. e., locuções
de onde não se pode omitir o substantivo que designa o acidente geográfico (ex.:
Península Ibérica,
Costa do Ouro,
Monte Redondo,
Serra de
El-Rei).
Como foi referido acima, o Acordo Ortográfico de 1990 não se debruça
explicitamente sobre esta questão, mas, implicitamente, parece não contrariar as
indicações de Rebelo Gonçalves, uma vez que, a propósito de outros assuntos, o
texto apresenta exemplos como “ilha de Santiago” (Base
XVIII) ou o composto toponímico “Baía de Todos-os-Santos” (Base
XV).