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dar cabo de

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cabo2cabo2
( ca·bo

ca·bo

)


nome masculino

1. [Geografia] [Geografia] Terra que sobressai da linha da costa marítima ou que forma o vértice de duas costas. = PONTA

2. Parte ou período final. = EXTREMIDADE, FIM, TERMO

3. Pessoa que chefia ou lidera. = CABEÇA

4. [Militar] [Militar] Posto mais elevado da classe de praças, imediatamente superior a primeiro-cabo, na hierarquia militar do Exército e da Força Aérea. = CABO-ADJUNTO

5. [Tauromaquia] [Tauromaquia] Chefe de um grupo de forcados.


ao cabo de

Ao fim de, no final de (ex.: ao cabo de duas horas, conseguiram perceber qual era o problema).

ao cabo e ao resto

Expressão usada para exprimir uma conclusão. = AFINAL, AO FIM E AO CABO

dar cabo de

[Informal] [Informal] Matar (ex.: a brincadeira quase dava cabo do cavalo; eu juro que dou cabo de vocês).

[Informal] [Informal] Provocar danos (ex.: arriscavam dar cabo do carro se seguissem por ali; o calor dá cabo de tudo). = DANIFICAR, DESTRUIR, ESTRAGAR

[Informal] [Informal] Gastar, esbanjar (ex.: dar cabo de uma fortuna).

[Informal] [Informal] Fazer perder a calma, o controlo ou a razão (ex.: aquela gente dá cabo da minha paciência).

de cabo a rabo

Do princípio até ao fim.

levar a cabo

Executar até ao fim. = CONCLUIR

etimologiaOrigem etimológica: latim caput, -itis, cabeça, ponta.
dar cabo dedar cabo de

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Dúvidas linguísticas



Gostaria de saber se existe registo da palavra "esmandrigado" com o significado de mal arranjado, mal pronto, e como é a real grafia da palavra. Usei-a muito na minha infância na cidade do Porto e ainda a uso. Será uso indevido??
A forma esmandrigado não foi por nós encontrada em nenhum dos dicionários ou vocabulários à nossa disposição. Durante essa pesquisa encontrámos contudo uma forma aproximada, esmadrigado (particípio passado de esmadrigar), que significa “tresmalhado”. Como curiosidade, refira-se que o Grande Dicionário Língua Portuguesa, da Porto Editora, regista na etimologia de esmadrigar o seguinte texto: “(Por esmandrigar, de es- + lat. mandra-, «rebanho» + -igar?)”. Esta etimologia pressuporia uma forma variante com -n-, esmandrigar, que, no entanto, não se encontra dicionarizada. A consulta de outros dicionários de língua revela que tal etimologia não é consensual: o Dicionário Houaiss, por exemplo, indica no verbete esmadrigar que a sua origem é provavelmente latina, derivando de uma forma hipotética *exmatricare, esta de matrix,-icis “matriz”.



Se entre vogais s vale z, o porquê de cozinha e certeza se escreverem com z e não s e o porquê de casa se escrever com s e não com z? Porquê, por exemplo, vaso, casinha, casita, vasito com s entre duas vogais e porquê, por exemplo, leãozinho, leãozito, cãozinho?
A ortografia do português, como a ortografia de qualquer língua, é um conjunto de regras convencionadas e artificiais que procuram reflectir o sistema fonológico e morfológico da língua, em muitos casos com invocação de motivos etimológicos, desconhecidos da maioria dos utilizadores da língua. Por este motivo, são normalmente os utilizadores da língua que mais lêem e escrevem quem melhor domina a ortografia, por desenvolverem uma memória e uma prática ortográfica.

A ortografia portuguesa só começou a ter alguma estabilidade a partir do final do séc. XIX, com o início das reformas ortográficas. A instabilidade anterior a esta altura poderá facilmente ser verificada em textos antigos, em dicionários etimológicos ou em dicionários com formas históricas, como o Dicionário Houaiss (edição brasileira da Editora Objetiva, 2001; edição portuguesa do Círculo de Leitores, 2002). Poderá verificar, por exemplo, que a grafia de casa se encontra atestada como casa em 1221, como quasa, em 1278, como caza, em 1352 ou como cassa, no séc. XIV. Este é apenas um exemplo, mas é possível encontrar casos afins, até no séc. XX, de grafias que nos parecerão muito estranhas, atendendo à ortografia actual, fixada sobretudo a partir da década de 40 do séc. XX, com o Acordo Ortográfico de 1945, para o português europeu e com o Formulário Ortográfico de 1943, para o português do Brasil.

A juntar a estes factores, e também decorrente deles, há o facto de a relação entre os sinais gráficos (as letras) e os sons por eles representados não serem unívocos. Para uma letra (ex.: s) pode então haver várias pronúncias (ex.: [s] em sal, [z] em casa, [S] em cais, [Z] em mesmo) e para um som (ex.: [s]) pode haver várias grafias (ex. sal, massa, macio, coçar, trouxe). Apesar do que foi dito anteriormente, há ortografias que decorrem de processos regulares de derivação etimológica, em muitos casos a partir do latim. Desta forma, o facto de a letra -s- se pronunciar [z] em contextos intervocálicos não invalida que a letra -z- possa ocorrer nesses mesmos contextos, por motivos etimológicos, sobretudo ligados à transformação, na passagem do latim ao português, de consoantes oclusivas latinas (o -c- latino tinha valor de [k]) em consoantes sibilantes antes das letras -e- e -i- (ex.: gallicia > galiza; judiciu(m) > juízo; luce(m) > luz; minacia > ameaça). Este fenómeno, designado assibilação, é comum a várias línguas neolatinas (ex.: judiciu(m) > judicieux [francês], juicio [espanhol]; minacia > menace [francês], amenaza [espanhol]).

Os últimos exemplos apresentados na dúvida colocada são diminutivos e apresentam dois sufixos distintos apostos à palavra ou ao radical. Nos casos de cão > cãozinho e de leão > leãozinho, leãozito, são utilizados os sufixos -zinho ou -zito. Nos casos de casa > casinha, casita e de vaso > vasito, aos radicais de cada uma das palavras foram acrescentados os sufixos -inho ou -ito e o -s- que aparece nestas palavras pertence ao radical e não ao sufixo diminutivo. Sobre os sufixos diminutivos, consulte ainda a resposta diminutivos (I).