A palavra
filhós, por analogia com palavras terminadas pelo mesmo som (ex.:
retrós,
voz), forma o plural filhoses (ex.:
escolheu a filhós mais pequena; as filhoses ainda estão quentes).
Trata-se de uma variante da
palavra filhó
que, por sua vez, forma o plural filhós (ex.: a filhó é um doce típico
do Natal; comeu duas filhós). Ao processo de uma forma plural passar
a ser empregue para designar também o singular, Evanildo Bechara dá o nome de
"plural cumulativo" (ver Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002, pp.
128-129). O mesmo fenómeno acontece com os substantivos
ilhó e
ilhós,
eiró e
eirós,
lilá e
lilás, por
exemplo.
Apesar de alguns autores condenarem o uso da forma filhós para designar o singular, a mesma e o respectivo plural filhoses surgem atestados nas principais obras lexicográficas de língua
portuguesa, como o Vocabulário da Língua Portuguesa (Coimbra: Coimbra
Editora, 1966), de Rebelo Gonçalves, o Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa (Lisboa: Academia das
Ciências de Lisboa / Editorial Verbo, 2001) ou o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, (Rio de
Janeiro: Editora Objetiva, 2001 / Lisboa: Círculo de Leitores, 2002).