Como se pronuncia a letra E quando falamos a, e, i, o, u? a, é ou e, i... E
no alfabeto? A, b, c, d, e ou é... Quando vamos nos referir a
letra e ou é numa palavra, como devemos pronunciar? Por exemplo,
indaguei a um colega quantas letras E deveria colocar na palavra meeting.
Ele me respondeu que não era letra e, mas sim letra é que deveria
empregar. Qual seria a resposta correta?
O nome da letra E deverá ser lido [È]
(este é o símbolo do alfabeto fonético equivalente ao E das palavras pé
ou fera). Quanto à pronúncia
da letra E, ela pode corresponder a vários sons, consoante o contexto e, por
vezes, consoante as características lexicais de cada palavra. Assim, esta letra
pode corresponder à vogal [È] como em pé, fera
ou papel; à vogal [e] como em
dedo, seu ou vê; à vogal
[i] como em e (conjunção) ou eléctrico;
à vogal [i] como em estudante;
à vogal [á]
como em coelho, igreja, senha
ou eira; à semivogal [j] como em área
ou pães.
Da mesma forma, o nome da letra R é erre,
mas não se pronuncia erre numa palavra (pronuncia-se [r] entre vogais,
depois de uma consoante da mesma sílaba ou em final de palavra, como em caro,
cobra ou falar; pronuncia-se [R] em
início de palavra, em início de sílaba ou quando está duplicado como em
rua, palrar, tenro ou carro).
Ao considerar a palavra Aristo uma palavra do dicionário português (honra seja feita à marca austríaca desde 1862) não estamos a incorrer no erro de usar uma marca para definir algo? Imaginem: Em vez de significado de gasosa com sabor a cola, usarmos uma das marcas que exstem no mercado. Ainda mais injusto quando uma das referências que existe é: ... aristo tipo"rotring" ... (Rötring, como sabemos outra marca, desta vez alemã).
No Dicionário Priberam (e nos dicionários gerais de língua) são registadas como entradas palavras de uso corrente. A lexicalização de nomes próprios, nomeadamente de marcas comerciais, é um fenómeno linguístico e acontece por uma derivação metonímica, nomeadamente quando uma marca passou a designar genericamente objectos análogos.
São exemplos deste fenómeno palavras como cotonete, creolina, gilete, jipe, licra, rímel, roscofe, velcro ou vespa, entre outros, e também o caso de aristo (ex.: a lista de material escolar inclui um aristo; secção de réguas, esquadros, aristos e transferidores). Não é exclusivo do português e pode assumir comportamento diferente mesmo dentro da mesma língua (por exemplo, esferovite/isopor, respectivamente no português de Portugal/português do Brasil).
Nesses casos, a palavra é registada no Dicionário Priberam com minúscula e na etimologia da palavra é referida como marca registada a palavra da qual derivou, na sua grafia original, geralmente com maiúscula inicial (como é o caso de Aristo).
A lexicalização de uma marca é um critério seguido pela tradição lexicográfica para a sua dicionarização e são excluídos juízos de valor, mas é claro que cada falante ou utilizador da língua faz as suas escolhas, consoante as suas preferências ou conveniências ou o seu conhecimento linguístico, e poderá sempre optar por outra palavra que não tenha esta origem.
Como curiosidade, podemos referir que no Dicionário Priberam, no espaço de um ano (entre Julho de 2020 e Julho de 2021), foram feitas cerca de 1650 pesquisas por aristo, tendo mais de um quinto destas pesquisas sido feitas em Setembro de 2020, correspondendo ao início do ano escolar.