Porque escrevemos Henrique com um r e não dois rr? Qual a regra?
A ortografia é um
conjunto de regras convencionadas e, na maioria das vezes, é o utilizador da
língua que mais lê e mais consulta obras de referência, como dicionários,
prontuários e afins, que melhor conhece essas regras e que melhor escreve. Há, no entanto, algumas indicações úteis, no caso da letra r:
a) O erre simples (r) representa o som [R] (consoante vibrante velar) em
início de palavra (ex.: rasar, régua, rua), a
seguir a uma vogal nasal (ex.: Henrique, honra, tenro),
ou em início de sílaba a seguir a uma consoante (ex.: israelita, melro).
b) O erre simples (r) representa o som [r] (consoante vibrante alveolar)
em contexto intervocálico, antecedido de vogal oral (ex.: cara, puro),
nos grupos consonânticos br, cr, dr, fr, gr, pr, tr e vr (ex.:
abrir, credo, coldre, fraco, grua, imprimir,
latrina, nevrose), ou em final de sílaba (ex.: cargo,
partir, querer, surto); o erre simples nunca representa
o som [r] em início de palavra.
c) O erre dobrado (rr) representa sempre o som [R] e apenas em contextos
intervocálicos (ex.: barra, errado, mirra, socorro,
urro), nunca em início de palavra ou depois de consoante.
Tenho algumas dúvidas relativamente à posição do pronome nas seguintes estruturas gramaticais, deve dizer-se: a) gostava de o ver ou gostava de vê-lo; b) tenho o prazer de o convidar ou tenho o prazer de convidá-lo?
Nas frases
apontadas, ambas as hipóteses podem ser utilizadas e nenhuma delas é considerada
incorrecta. Nas hipóteses gostava de vê-lo e tenho o
prazer de convidá-lo, o pronome átono o ocupa a
sua posição canónica, à direita do verbo de que depende (ver e
convidar, respectivamente), mas, na colocação dos clíticos, as preposições
provocam geralmente a próclise, isto é, a atracção do clítico para antes do
verbo (gostava de o ver e tenho o prazer de
o convidar). Esta colocação proclítica é, no entanto,
obrigatória quando o verbo está no infinitivo flexionado (ex.: Empresto-te o
livro, mas é para o leres com atenção; Ele
indignou-se por lhe omitirmos informação; e
nunca *Empresto-te o livro, mas é para lere-lo com atenção;
*Ele indignou-se por omitirmos-lhe informação; o
asterisco indica agramaticalidade).
A descrição feita
acima não se aplica à preposição a, com a qual não há geralmente atracção do
clítico (ex.: Eles estavam a insultar-se; Aconselhei as
crianças a reconciliarem-se; e não *Eles estavam a
se insultar; Aconselhei as crianças a se
reconciliarem), senão em registos dialectais do português europeu e, mais frequentemente, no português do Brasil.