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Dúvidas linguísticas
há um tempo atrás
Gostaria de saber se esta sentença está correta: Há um tempo atrás.
Se a dúvida se relacionar com o uso de
atrás
com o verbo
haver
a indicar tempo decorrido, poderá consultar a resposta
há alguns anos atrás
. Se se tratar de uma hesitação entre a forma
há
do verbo
haver
e outras palavras com som idêntico ou semelhante (ex.:
à
,
a
), poderá consultar as respostas
há muito tempo/a muito tempo
ou
à ou há?
.
amanhã: ênclise ou próclise?
Tenho uma dúvida: a gramática da língua portuguesa não diz que um advérbio antes do verbo exige próclise? Não teria de ser "Amanhã se celebra"?
Esta questão diz respeito a uma diferença, sobretudo no registo coloquial, entre as variedades europeia e brasileira do português, que, com a natural evolução da língua, se foram distanciando relativamente a este fenómeno linguístico. No que é considerado norma culta (portuguesa e brasileira), porém, sobretudo na escrita, e em registo formal, ainda imperam regras da gramática tradicional ou normativa, fixas e pouco permissivas.
No português de Portugal, se não houver algo que atraia o pronome pessoal átono, ou clítico, para outra posição, a ênclise é a posição padrão, isto é, o pronome surge habitualmente depois do verbo (ex.:
Ele mostrou-
me
o quadro
); os casos de próclise, em que o pronome surge antes do verbo (ex.:
Ele não
me
mostrou o quadro
), resultam de condições particulares, como as que são referidas na resposta à dúvida
posição dos clíticos
. Nessa resposta sistematizam-se os principais contextos em que a próclise ocorre na variante europeia do português, sendo um deles a presença de certos advérbios ou locuções adverbiais, como
ainda
(ex.:
Ainda ontem
as
vi
),
já
(ex.:
Já
o
conheço bem
),
oxalá
(ex.:
Oxalá
se
mantenha assim
),
sempre
(ex.:
Sempre
o
conheci atrevido
),
só
(ex.:
Só
lhes
entreguei o documento hoje
),
talvez
(ex.:
Talvez
te
lembres mais tarde
) ou
também
(ex.:
Se ainda estiverem à venda, também
os
quero comprar
). Note-se que a listagem não é exaustiva nem se aplica a todos os advérbios e locuções adverbiais, pois como se infere a partir de pesquisas em
corpora
com advérbios como
hoje
(ex.:
Hoje decide-se a passagem à final
) ou com locuções adverbiais como
mais tarde
(ex.:
Mais tarde compra-se outra lente
), a tendência na norma europeia é para a colocação do pronome após o verbo. A ideia de que alguns advérbios (e não a sua totalidade) atraem o clítico é aceite até por gramáticos mais tradicionais, como Celso Cunha e Lindley Cintra, que referem, na página 313 da sua
Nova Gramática do Português Contemporâneo
, que a língua portuguesa tende para a próclise «[...] quando o verbo vem antecedido de certos advérbios (
bem, mal, ainda, já, sempre, só, talvez
, etc.) ou expressões adverbiais, e não há pausa que os separe».
No Brasil, a tendência generalizada, sobretudo no registo coloquial de língua, é para a colocação do pronome antes do verbo (ex.:
Ele
me
mostrou o quadro
). Daí a relativa estranheza que uma frase como
Amanhã celebra-se o Dia Mundial do Livro
possa causar a falantes brasileiros que produzirão mais naturalmente um enunciado como
Amanhã se celebra o Dia Mundial do Livro
. O gramático brasileiro Evanildo Bechara afirma, na página 589 da sua
Moderna Gramática Portuguesa
, que «Não se pospõe pronome átono a verbo modificado diretamente por advérbio (isto é, sem pausa entre os dois, indicada ou não por vírgula) ou precedido de palavra de sentido negativo.». Contrariamente a Celso Cunha e Lindley Cintra, Bechara propõe um critério para o uso de próclise que parece englobar a totalidade dos advérbios. Resta saber se se trata de um critério formulado a partir do tendência brasileira para a próclise ou de uma extensão da regra formulada pela gramática tradicional. Estatisticamente, porém, é inequívoca a diferença de uso entre as duas normas do português.
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Palavra do dia
gaguear
gaguear
(
ga·gue·ar
ga·gue·ar
)
Conjugar
Conjugar
Conjugação:
regular.
Particípio:
regular.
verbo intransitivo
[Portugal: Minho]
[Portugal: Minho]
Cantar (a galinha), a chamar o galo.
=
CACAREJAR
Origem etimológica:
origem onomatopaica.