Com a nova terminologia como é classificada a palavra "inverno"? Nome próprio ou comum? Esta dúvida prende-se ao facto de este vocábulo passar a ser escrito com letra minúscula por força do novo acordo ortográfico.
A classificação da palavra "inverno" não muda com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, pois este acordo visa alterar apenas a ortografia e não a classificação das classes de palavras.
Para além da convenção de usar maiúsculas em início de frase e das opções estilísticas de cada utilizador da língua, o uso de maiúsculas está previsto pelos documentos legais que regulam a ortografia do português (o Acordo Ortográfico de 1990, ou, anteriormente, o Acordo Ortográfico de 1945, para o português europeu, e o Formulário Ortográfico de 1943, para o português do Brasil).
O Acordo Ortográfico de 1990 deixou de obrigar as maiúsculas, por exemplo, nas estações do ano, mas deve referir-se que o Acordo Ortográfico de 1945 também não obrigava a maiúscula inicial nas palavras "inverno", "primavera", "verão" e "outono" nos significados que não correspondem a estações do ano (ex.: o menino já tem 12 primaveras [=anos]; este ano não tivemos verão [=tempo quente]; o outono da vida).
Um nome próprio designa um indivíduo ou uma entidade única, específica e definida. Antes ou depois da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, a palavra "inverno" tem um comportamento que a aproxima de um nome comum, pois admite restrições (ex.: tivemos um inverno seco ) e pode variar em número (ex.: já passámos vários invernos no Porto), havendo inclusivamente uma acepção da palavra em que é sinónima de "ano" (ex.: era um homem já com muitos invernos).
A reflexão acima aplica-se a outras divisões do calendário (nomeadamente nomes de meses e outras estações do ano).
Tenho sempre uma dúvida: utiliza-se crase antes de pronomes
demonstrativos como esse, essa, esta, este?
A crase é a
contracção de duas vogais iguais, sendo à (contracção da preposição a
com o artigo definido a) a crase mais frequente. Para que se justifique
esta crase é necessário que haja um contexto em que estejam presentes a
preposição a e o artigo a (ex.: A [artigo] menina
estava em casa; Entregou uma carta a [preposição] uma
menina; Entregou uma carta à [preposição + artigo] menina).
Ora, os pronomes demonstrativos não coocorrem com preposições (ex.: Esta
menina estava em casa; *A [artigo] esta menina estava em casa;
Entregou a carta a [preposição] esta menina; *Entregou a
carta à [preposição + artigo] esta menina; o asterisco indica agramaticalidade), pelo que não poderá haver crase antes de
artigos demonstrativos, mas apenas a ocorrência da preposição, quando o contexto
o justifique.
Além do que foi dito acima, é de referir que pode haver crase com um artigo
demonstrativo começado por a- (ex.: Não prestou atenção àquilo
[preposição a + pronome demonstrativo aquilo]), mas trata-se da
contracção da preposição a com a primeira vogal do pronome demonstrativo
(ex.: àquele, àqueloutro, àquilo).