Recebi a correção de um texto que fiz para minha prova de redação e foram reportados 2 erros apenas.
1º “erro”: Precisava descrever o fato de não abuso e utilizei-me da construção de uma palavra prefixada por in-, levando em conta que o mesmo atendia minha necessidade para a construção, resultando no termo inabusivo. No contexto era necessário concordar em gênero e número, obtendo assim inabusivas. Estaria incorreto?
2º “erro”: Utilizei o termo profícuo na seguinte frase: “Questão de caráter complexo e de difícil solução profícua...”. Sinceramente, acredito que a professora realmente não compreendeu o significado do termo e ou até o desconhece visto que ela não reportou erro de redundância (onde uma vez pensei que toda solução fosse profícua, mas logo discordei pois é possível uma solução não ser vantajosa) ou qualquer outro tipo de erro possível.
Para os dois “erros” ela escreveu apenas o seguinte comentário: “Evite termos difíceis, fale fácil!”. Minha composição nesses casos está correta?
Os dados que nos fornece relativamente ao primeiro “erro” assinalado não são suficientes para emitir opiniões sobre a sua (in)correcção. O que lhe podemos indicar é que o adjectivo inabusivo não se encontra averbado pelos principais dicionários de língua. Ainda assim, inabusivo obedece às regras de boa formação morfológica, tal como outros casos atestados lexicograficamente: inactivo, inafectivo, inafirmativo, etc. Quanto ao segundo “erro” assinalado, o que parece causar estranheza nessa construção é a dupla adjectivação da palavra solução (“difícil solução profícua”), que dificulta a interpretação desse sintagma e, por conseguinte, de toda a frase. Se utilizarmos apenas o primeiro adjectivo, como em “Questão de carácter complexo e de difícil solução.”, verificamos que a frase se torna mais clara. Deve ter sido por essa razão que o comentário registado na sua redacção pedia para evitar termos difíceis, dado que, neste caso, turva o sentido que se pretende transmitir. O uso de termos “difíceis”, característicos de um registo de língua mais formal, não é, porém, condenável, é opcional, sendo sobretudo uma questão de estilo. O que convém não fazer é utilizar abusivamente esses termos em contextos não formais, o que pode dar uma falsa ideia de erudição.
1. Livro ou manual, geralmente de autor antigo, que resume noções básicas de um assunto, de uma arte ou de uma área de conhecimento. = EPÍTOME
2. [Por extensão] [Por extensão] Obra de pequeno formato para fácil transporte, usada para consultar amiúde e que contém os principais elementos de uma ciência, de uma arte, etc. = EMENTÁRIO, PRONTUÁRIO, VADE-MÉCUM