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Dúvidas linguísticas
nós e a gente
Gostaria de saber se é correcto dizer
a gente
em vez de
nós
.
A expressão
a gente
é uma locução pronominal equivalente, do ponto de vista semântico, ao pronome pessoal
nós
. Não é uma expressão incorrecta, apenas corresponde a um registo de língua mais informal. Por outro lado, apesar de ser equivalente a
nós
quanto ao sentido, implica uma diferença gramatical, pois a locução
a gente
corresponde gramaticalmente ao pronome pessoal
ela
, logo
à terceira pessoa do singular (ex.:
a gente
trabalha
muito; a gente
ficou convencida
) e não à primeira pessoa do plural, como o pronome
nós
(ex.:
nós
trabalhamos
muito; nós
ficámos convencidos
).
Esta equivalência semântica, mas não gramatical, em relação ao pronome
nós
origina frequentemente produções dos falantes em que há erro de concordância (ex.: *
a gente
trabalhamos
muito;
*
a gente
ficámos convencidos
; o asterisco indica agramaticalidade) e são claramente incorrectas.
A par da locução
a gente
, existem outras, também pertencentes a um registo de língua informal, como
a malta
ou
o pessoal
, cuja utilização é análoga, apesar de terem menor curso.
convidámos-vos / convidamos-vos
Na frase:
Nós convidámo-vos
, o pronome é enclítico, o que obriga à omissão do
-s
final na desinência
-mos
ao contrário do que o V. corrector
on-line
propõe:
Nós convidamos-vos
, o que, certamente, é erro.
Nós convidamos-vos, Nós convidámos-vos, Nós convidamo-vos, Nós convidámo-vos
: afinal o que é que está correcto?
A forma
nós convidámo
s
-vos
encontra-se correcta, tal como é verificado pelo
FLiP
on-line
.
A forma *
nós convidámo-vos
corresponde a um erro muito frequente dos utilizadores da língua, por analogia com o uso enclítico do pronome
nos
(como em
nós convidám
o
-nos
); apesar de aparentemente semelhantes, estes dois casos correspondem a contextos diferentes que determinaram a grafia actual. Em casos como
nós convidámo-nos
, estamos perante a terminação da primeira pessoa do plural
-mos
, seguida do clítico
nos
; estas duas terminações são quase homófonas, pelo que a língua encontrou uma forma de as dissimilar ou diferenciar, num fenómeno designado “dissimilação das sílabas parafónicas” por Martins de Aguiar, citado por CUNHA e CINTRA na
Nova Gramática do Português Contemporâneo
(Ed. João Sá da Costa, 1998, p. 318). No caso de
nós convidámos-vos
não há necessidade de dissimilação, pelo que a grafia deverá incluir o
-s
final da desinência da primeira pessoa do plural.
Relativamente ao uso dos clíticos e às alterações ortográficas que estes implicam quando se seguem à forma verbal (ênclise), pode dizer-se que não há qualquer alteração ortográfica com os pronomes pessoais átonos que são complemento indirecto (
me, te, lhe, vos, lhes
), excepto com o pronome
nos
, que provoca a já referida redução da forma verbal da desinência da primeira pessoa do plural (de *
-mos-nos
para
-mo-nos
). A este respeito, veja-se o anexo relativo aos verbos no
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
(Círculo de Leitores, 2002) ou
12 000 verbes portugais et brésiliens - Formes et emplois
(“Collection Bescherelle”, Paris, Hatier, 1993), duas das poucas obras de referência que explicitamente referem este fenómeno.
Em relação aos clíticos de complemento directo (
o, a, os as
), quando há ênclise apresentam alteração para
-lo, la, -los, -las
se se seguirem a forma verbal terminada em
-r
,
-s
ou
-z
ou ao advérbio
eis
, sendo que há redução da forma verbal (ex.:
convidá-lo, convidamo-las, di-lo, ei-la
), por vezes com necessidade de acentuação gráfica (ver também outra dúvida sobre este assunto em
escreve-lo e escrevê-lo
). Se a forma verbal terminar em nasal (ex.:
convidam, convidaram
), o pronome enclítico altera-se para
-no, -na, -nos, -nas
(ex.:
convidam-no, convidaram-nas
).
As construções *
nós convidamo-vos
e *
nós convidámo-vos
estão então incorrectas, pois não há motivo para retirar o
-s
à terminação da primeira pessoa do plural quando seguida do clítico
vos
. No português europeu, as construções
nós convidamos-vos
e
nós convidámos-vos
estão ambas correctas, distinguindo-se apenas pelo tempo verbal. A primeira corresponde ao presente do indicativo (ex.:
Hoje convidamos-vos para uma visita às grutas
) e a segunda ao pretérito perfeito do indicativo (ex.:
Ontem convidámos-vos para um passeio de barco
).
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Palavra do dia
voga-avante
voga-avante
(
vo·ga·-a·van·te
vo·ga·-a·van·te
)
Náutica
Náutica
Indivíduo que rema.
nome masculino de dois números
[
Náutica
]
[
Náutica
]
Indivíduo que rema.
=
REMADOR, REMEIRO
Origem etimológica:
forma do verbo
vogar + avante
.