Li o texto do Acordo Ortográfico de 1990 e outros textos sobre o assunto, e tomava a
liberdade de perguntar qual a posição da Priberam relativamente aos prefixos
sub-, ad- e ab- quando seguidos por palavra iniciada por
r cuja sílaba não se liga foneticamente com o prefixo. Concretizando:
sub-rogar ou subrogar; ad-rogar ou adrogar; ab-rogar
ou abrogar? O Acordo, aparentemente, é omisso quanto à matéria, e já
vimos opções diferentes da por vós tomada na versão 7 do FLIP.
O texto legal do Acordo Ortográfico de 1990
(base
XVI) é, de facto, omisso relativamente ao uso de hífen com prefixos
terminados em consoantes oclusivas (como ab-, ad- ou sub-) quando
o segundo elemento da palavra se inicia por r (como em
ab-rogar,
ad-rogar ou
sub-rogar).
Para que seja mantida a pronúncia [R] (como em carro) do segundo
elemento, terá de manter-se o hífen, pois os casos de ab-r, ad-r, ob-r, sob-r,
sub-r e afins são os únicos casos na língua em que há os grupos br ou
dr (que se
podiam juntar a cr, fr, gr, pr, tr e vr) sem que a consoante seja uma
vibrante alveolar ([r], como em caro ou abrir). Se estas
palavras não contiverem hífen, o r ligar-se-á à consoante que o precede e
passará de vibrante velar (ex.: ab[R], sub[R]) a vibrante alveolar (ex.: ab[r],
sub[r]). Não se pode, por isso, alterar a fonética por causa da ortografia, nem
alterar a grafia, criando uma excepção ortográfica, só porque o
legislador/relator ou afim escamoteou ou esqueceu este caso. O argumento de que
a opção de manter o hífen nestes casos segue o espírito do acordo pode
reforçar-se se olharmos, por exemplo, para os casos dos elementos de formação circum- e
pan-, onde não se criam
excepções à estrutura silábica, nem à pronúncia (cf. circum-escolar e não
circumescolar; pan-africano e não panafricano).
Pelos motivos expostos, a opção da Priberam é manter o hífen nos casos
descritos.
Ao conjugar no site do dicionário o verbo adequar vi os vários tempos que possui.
Entretanto causou-me dúvida, pois, em um livro da Profa. Laurinda Grion, 400 erros que um executivo comete ao redigir,
ela diz que o verbo adequar é defectivo.
No modo presente do indicativo seria conjugado somente nas 1a. e 2a. pessoas do plural.
Favor esclarecer-me o que é o correto.
Nem sempre há consenso entre os gramáticos quanto à defectividade de um dado verbo. É o que acontece no presente caso, entre a obra que referencia e, por exemplo, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que também conjuga o verbo adequar em todas as suas formas. A este respeito convém talvez transcrever o que diz Rebelo Gonçalves (que conjuga igualmente o referido verbo em todas as formas) no seu Vocabulário da Língua Portuguesa (1966: p. xxx):
"3. Indicando a conjugação de verbos defectivos, incluímos nela, donde a onde, formas que teoricamente podem suprir as que a esses verbos normalmente faltam. Critério defensável, parece-nos, porque não custa admitir, em certos casos, que esta ou aquela forma, hipotética hoje, venha a ser real amanhã; e, desde que bem estruturada, serve de antecipado remédio a possíveis inexactidões."
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa refere ainda, s. v. -equar que "os poucos verbos da língua com essa terminação (adequar, coadequar, inadequar) são tidos como conjugáveis, regularmente, só nas formas arrizotônicas; modernamente, porém, ocorrem formas rizotônicas segundo dois padrões - adéquo/adequo, adéquas/adequas, etc." Uma última ressalva: o dicionário on-line que consultou reflecte a norma europeia do português, em que há uma clara preferência pelas formas com -u- tónico nas formas rizotónicas: adequo, adequas, adequa, adequam; adeqúe, adeqúes, adeqúe, adeqúem (em vez do que parece ser mais frequente no Brasil: adéquo, adéquas, adéqua, adéquam; adéqüe, adéqües, adéqüe, adéqüem).