No programa de hoje da R.T.P. " Bom Dia Portugal" na rubrica "Em bom português", questiona-se se deve dizer:
duzentas gramas ou duzentos gramas?
Afirma-se que a resposta correcta é: "duzentos gramas" porque grama é um submúltiplo do quilograma.
Ora, eu tenho apenas a quarta classe do ensino primário de 1951, mas nesse tempo aprendi que grama, metro, caloria, etc. são unidades e quilograma, quilómetro, quilocaloria, etc, são múltiplos com mil unidades.
Como gosto de falar o melhor Português, (dentro das minhas limitações literárias) gostaria de obter uma explicação, mais convincente ou de saber se, pela mesma razão, deve dizer-se "duzentos calorias"?
De facto, o argumento referido é pouco claro. O motivo por que a resposta é "duzentos gramas" é porque
grama, enquanto unidade de medida, é um substantivo masculino, como pode verificar seguindo a hiperligação para o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. É por essa razão que quilograma, formado pela junção do prefixo quilo- ao substantivo grama, é masculino, e não o contrário.
Ao conjugar no site do dicionário o verbo adequar vi os vários tempos que possui.
Entretanto causou-me dúvida, pois, em um livro da Profa. Laurinda Grion, 400 erros que um executivo comete ao redigir,
ela diz que o verbo adequar é defectivo.
No modo presente do indicativo seria conjugado somente nas 1a. e 2a. pessoas do plural.
Favor esclarecer-me o que é o correto.
Nem sempre há consenso entre os gramáticos quanto à defectividade de um dado verbo. É o que acontece no presente caso, entre a obra que referencia e, por exemplo, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que também conjuga o verbo adequar em todas as suas formas. A este respeito convém talvez transcrever o que diz Rebelo Gonçalves (que conjuga igualmente o referido verbo em todas as formas) no seu Vocabulário da Língua Portuguesa (1966: p. xxx):
"3. Indicando a conjugação de verbos defectivos, incluímos nela, donde a onde, formas que teoricamente podem suprir as que a esses verbos normalmente faltam. Critério defensável, parece-nos, porque não custa admitir, em certos casos, que esta ou aquela forma, hipotética hoje, venha a ser real amanhã; e, desde que bem estruturada, serve de antecipado remédio a possíveis inexactidões."
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa refere ainda, s. v. -equar que "os poucos verbos da língua com essa terminação (adequar, coadequar, inadequar) são tidos como conjugáveis, regularmente, só nas formas arrizotônicas; modernamente, porém, ocorrem formas rizotônicas segundo dois padrões - adéquo/adequo, adéquas/adequas, etc." Uma última ressalva: o dicionário on-line que consultou reflecte a norma europeia do português, em que há uma clara preferência pelas formas com -u- tónico nas formas rizotónicas: adequo, adequas, adequa, adequam; adeqúe, adeqúes, adeqúe, adeqúem (em vez do que parece ser mais frequente no Brasil: adéquo, adéquas, adéqua, adéquam; adéqüe, adéqües, adéqüe, adéqüem).