Já percebi que, com a entrada em vigor do acordo ortográfico de 1990, os nomes dos meses e das estações do ano passarão a ser escritos em minúsculas. O que eu não percebi é a razão dessa alteração. Alguém me pode esclarecer? Diga-se de passagem que também nunca percebi porque é que, desde o acordo ortográfico de 1945, os nomes dos dias da semana passaram a ser escritos com minúsculas... Será pela mesma razão?
O uso de
maiúsculas está integrado num conjunto de regras ortográficas convencionadas.
Neste caso, os nomes de meses e estações do ano passaram a ser
considerados nomes comuns com o
Acordo Ortográfico de 1990, atendendo ao
seu paradigma morfológico e à aproximação ao paradigma dos dias da semana.
Relativamente aos nomes dos dias da semana e da sua grafia com minúscula já
segundo o Acordo Ortográfico de 1945, Rebelo Gonçalves (Tratado de Ortografia da
Língua Portuguesa, Coimbra: Atlântida Livraria Editora, 1947, p. 301) referia como único
argumento que “ao contrário dos demais cronónimos, os nomes dos dias da semana
escrevem-se, em obediência à tradição, com minúscula inicial”, o que não é
minimamente esclarecedor, mas nos elucida sobre o tipo de lógica subjacente às
convenções ortográficas.
Na faculdade na qual eu e meus companheiros de classe estudamos, foi aberto uma enquete se a palavra scannear é uma palavra autenticada nos dicionários da língua portuguesa e se é correto utilizá-la no dia-a-dia.
Os dicionários brasileiros de língua portuguesa, como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001) ou o Novo Dicionário Aurélio (Positivo, Curitiba, 2004), registam o verbo escanear (com a conjugação regular eu escaneio, tu escaneias, ele escaneia, etc.) e não a forma
scanear, pois a sequência consonântica sc em início de palavra não é usual no português do Brasil. O
Dicionário Houaiss regista ainda os vocábulos escaneador, escaneadora, escaneamento e escâner. Há dicionários portugueses, como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências de Lisboa/Verbo, Lisboa, 2001) ou a versão portuguesa do Dicionário Houaiss (Círculo de Leitores, Lisboa, 2002), que registam as formas scâner, scanerização e scanerizar, sem a letra e inicial, reflectindo assim na escrita o fenómeno de consonantização (tendência para a redução de segmentos vocálicos) no português de Portugal.
Uma vez que estamos perante a formação de novos vocábulos que ainda levantam muitas dúvidas aos falantes e cuja forma ainda não se fixou e generalizou, podemos verificar, através de pesquisas em corpora e na internet, que existem actualmente várias grafias para esse verbo (ex.: scannear, scanniar, scaniar, escanear, escaniar, escanniar, escannear, etc.). É óbvio que nem todas estas grafias são aceitáveis, visto que não estão de acordo com o sistema ortográfico da língua portuguesa, mas é natural que em casos de neologismos leve algum tempo até se fixar uma forma gráfica (normalmente através de registo lexicográfico).