Como se pronuncia a letra E quando falamos a, e, i, o, u? a, é ou e, i... E
no alfabeto? A, b, c, d, e ou é... Quando vamos nos referir a
letra e ou é numa palavra, como devemos pronunciar? Por exemplo,
indaguei a um colega quantas letras E deveria colocar na palavra meeting.
Ele me respondeu que não era letra e, mas sim letra é que deveria
empregar. Qual seria a resposta correta?
O nome da letra E deverá ser lido [È]
(este é o símbolo do alfabeto fonético equivalente ao E das palavras pé
ou fera). Quanto à pronúncia
da letra E, ela pode corresponder a vários sons, consoante o contexto e, por
vezes, consoante as características lexicais de cada palavra. Assim, esta letra
pode corresponder à vogal [È] como em pé, fera
ou papel; à vogal [e] como em
dedo, seu ou vê; à vogal
[i] como em e (conjunção) ou eléctrico;
à vogal [i] como em estudante;
à vogal [á]
como em coelho, igreja, senha
ou eira; à semivogal [j] como em área
ou pães.
Da mesma forma, o nome da letra R é erre,
mas não se pronuncia erre numa palavra (pronuncia-se [r] entre vogais,
depois de uma consoante da mesma sílaba ou em final de palavra, como em caro,
cobra ou falar; pronuncia-se [R] em
início de palavra, em início de sílaba ou quando está duplicado como em
rua, palrar, tenro ou carro).
Queria perguntar-vos sobre a utilização de em ou no/na antes de nos referirmos a lugares. Porque dizemos no Porto mas não na Lisboa? Porque tanto
se diz na França como em França? Existe
alguma regra para a utilização ou não de artigo definido (e respectivas
contracções) quando nos queremos referir a um local? Por exemplo: porquê dizer
fui ao Funchal e não fui a Funchal?
O uso de artigos definidos (o, a os, as) antes de topónimos (isto é, nomes próprios que
designam lugares geográficos) não corresponde a uma regra rígida na língua
portuguesa. As indicações dadas por gramáticas e prontuários são em geral
fluidas e por vezes contraditórias, pelo que as respostas a questões
relacionadas com este assunto raramente podem ser peremptórias.
Na Nova Gramática
do Português Contemporâneo, de Celso CUNHA e Lindley CINTRA (Lisboa, Edições
João Sá da Costa, 14.ª ed., 1998, pp. 228-231), são elencadas algumas indicações
para o uso ou não do artigo definido com nomes geográficos.
Preconiza-se
nomeadamente o uso de artigo antes de nomes de “países, regiões, continentes,
montanhas, vulcões, desertos, constelações, rios, lagos, oceanos, mares e grupos
de ilhas” (ex.: a Suíça, a Escandinávia, a Europa, o Pico, o Etna, o
Sara, o Centauro, o Guadiana, o Tanganica, o Índico, o Adriático, as Baleares),
mas facilmente um falante se lembrará de muitos contra-exemplos para estas
indicações (a própria gramática lista alguns deles: Portugal, Angola,
Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Macau, Timor, Andorra, Israel, São
Salvador, Aragão, Castela, Leão).
Do mesmo modo se indica que não se usa
geralmente o artigo definido “com os nomes de cidades, de localidades e da
maioria das ilhas”, mas logo se apresentam contra-exemplos, nomeadamente os
casos de nomes de cidades e localidades que derivam de um substantivo comum (a
Guarda, o Porto, o Rio de Janeiro, a Figueira da Foz).
Estas indicações
gerais são úteis e correspondem provavelmente à maioria dos casos, mas os muitos
casos que as contrariam (é significativa a lista de excepções ou contra-exemplos
que as gramáticas apresentam) tornam a decisão de empregar ou não o artigo quase
dependente de cada topónimo e da experiência linguística do falante.
Há ainda
casos de topónimos como Espanha, França, Itália, Inglaterra ou Chipre em que é
oscilante o uso ou não de artigo (ex.: foi viver para (a) Espanha).
O topónimo Funchal é usado sobretudo precedido de artigo (ex.: viajo amanhã para o Funchal; estou no
[= em + o] Funchal; vou ao [= a + o] Funchal) e poderá
incluir-se na categoria de nomes de cidades ou localidades “que se formaram de
substantivos comuns” (CUNHA e CINTRA, p. 230).