Como se escreve, em números, um milhão? Com pontos, sem pontos e com espaços ou sem pontos e sem espaços? 1.000.000, 1 000 000 ou 1000000?
Não há qualquer
norma ortográfica para o uso de um separador das classes de algarismos
(unidades, milhares, milhões, etc.) ou para o separador das casas decimais, pois
o
Acordo Ortográfico de 1945 e o
Acordo Ortográfico de 1990 (os textos legais reguladores da ortografia
portuguesa) são omissos.
Há várias opiniões sobre o assunto e a maioria dos livros
de estilo (veja-se, a título de exemplo, o texto disponibilizado pelo jornal
Público no seu Livro de Estilo, artigo "Números",
ponto 1.), prontuários e consultores linguísticos para o português defende o uso do ponto a separar as classes de algarismos (ex.: 1.000.000) e da vírgula para separar a parte inteira da parte decimal (ex.: 100,5).
Como se trata de uma questão de metrologia, mais do que de ortografia, a resolução n.º 10 (https://www.bipm.org/fr/CGPM/db/22/10/) da 22.ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (Paris, 12 - 17 de Outubro de 2003) organizada pelo Bureau International des Poids et Mesures, em que Portugal participou, é importante e pode contribuir para a uniformização nesta questão (esta resolução apenas reforça a resolução n.º 7 [https://www.bipm.org/fr/CGPM/db/9/7/] da 9.ª Conferência ocorrida em 1948, que apontava no mesmo sentido): o símbolo do separador decimal poderá ser a vírgula ou o ponto (sobretudo nos países anglo-saxónicos e em teclados de computadores e calculadoras); apenas para facilitar a leitura, os números podem ser divididos em grupos de três algarismos (que correspondem às classes das unidades, milhares, milhões, etc.), a contar da direita, mas estes grupos não devem nunca ser separados por pontos ou por vírgulas (ex.: 1 000 000,5 ou 1 000 000.5 e não 1.000.000,5 ou 1,000,000.5).
Por respeito pelas convenções internacionais e por uma questão de rigor (é fácil de concluir que a utilização do ponto ou da vírgula para separar as classes de algarismos num número que contenha casas decimais pode gerar equívocos), é aconselhável não utilizar outro separador para as classes de algarismos senão o espaço (ex.: 1000000 ou 1 000 000).
No Presente do Indicativo do verbo sair, qual a razão por que a 3ª pessoa do plural não acompanha a raiz do verbo? Porque é saem e não saiem?
O verbo sair é um verbo parcialmente irregular, devido ao hiato (encontro de vogais que não formam ditongo; no caso de sair, -ai-) no infinitivo, decorrente da evolução da palavra ao longo da história da língua (lat. salire > sa(l)ir(e) > port. sair). Como este verbo conjugam-se outros que apresentam o mesmo hiato, como cair (lat. cadere > ca(d)er(e)
> port. cair) ou trair (lat. tradere > tra(d)er(e)
> port. trair), e derivados.
Por comparação com um verbo regular da terceira conjugação, como partir,
é possível verificar as pequenas irregularidades:
a) Normalmente o radical de um verbo corresponde à forma do infinitivo sem a
terminação -ar, -er ou -ir que identifica o verbo como
sendo, respectivamente, da primeira, segunda ou terceira conjugações; no caso do
verbo partir será part-, no caso de sair o regular seria
sa-, mas há formas em que é sai-, como se pode ver na alínea
seguinte.
b) Um verbo regular conjuga-se adicionando ao radical as desinências de pessoa,
número, modo e tempo verbal. Por exemplo, as desinências do futuro do indicativo
(-irei, -irás, -irá, -iremos, -ireis, -irão) juntam-se aos radicais
regulares para formar partirei, partirás,
etc.ou sairei, sairás, etc. No
caso do presente do indicativo, esta regularidade é alterada em verbos como
sair, só sendo regulares as formas que têm o radical sa- seguido das
desinências (saímos, saís, saem);
as outras formas do presente do indicativo (saio,
sais, sai) e todo o presente do conjuntivo (saia,
saias, saiamos, saiais, saiam)
formam-se a partir do radical sai-.
c) A estas irregularidades junta-se a adequação ortográfica necessária, através
de acento gráfico agudo, para manter o hiato do infinitivo em outras formas
verbais (ex.: saísse/partisse; saíra/partira).
Muitos verbos que apresentam hiatos nas suas terminações do infinitivo têm
geralmente particularidades (principalmente no presente do indicativo) que os
tornam parcialmente irregulares (vejam-se, por exemplo, as conjugações de
construir ou
moer).
Respondendo directamente à questão colocada, saem não tem i por
ser uma forma que retoma o radical regular sa- e não o radical sai-,
como em formas como saio, sais, saia ou saiamos.
[Portugal: Beira, Minho]
[Portugal: Beira, Minho]
Misturar água quente ou água fria para amornar um líquido (ex.: tibar a lavadura dos porcos).
=
TEMPERAR