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patrística | n. f.

Ciência que estuda a doutrina dos Santos Padres, nomeadamente nos primeiros cinco séculos da era cristã....


patrologia | n. f.

Conhecimento da vida e obras dos Padres da Igreja....



Dúvidas linguísticas


Gostaria que me explicassem se a palavra secados (plural de secado) existe. Se a resposta for sim, porque não a encontro em nenhum dicionário?
O verbo secar tem duplo particípio passado: secado e seco. Nos verbos em que este fenómeno acontece, o particípio regular (ex.: secado) é geralmente usado com os auxiliares ter e haver para formar tempos compostos (ex.: a roupa já tinha secado; havia secado a loiça com um pano) e as formas do particípio irregular (ex.: seco, seca, secos, secas) são usadas maioritariamente com os auxiliares ser e estar para formar a voz passiva (ex.: a loiça foi seca com um pano; a roupa estava seca pelo vento) e assumem mais facilmente o papel adjectival (ex.: este bolo ficou demasiado seco). Por este motivo, é usual não haver flexão do particípio regular, pois este não é geralmente usado como adjectivo, não flexionando em género, número ou grau (ex.: *secada, *secados, *secadas; *muito secado; o asterisco indica agramaticalidade).

Estas considerações, tomadas da gramática tradicional, têm no entanto muitas excepções, o que evidencia a problemática da questão e a ausência de respostas peremptórias para certas questões linguísticas. A título de exemplo, podemos referir que há verbos cujo particípio abundante não é consensual (com resoluto e resolvido, por exemplo, não é claro se o primeiro é particípio irregular de resolver ou adjectivo cognato; relativamente ao verbo ganhar não é unânime a existência do particípio ganhado a par de ganho); há verbos cujo particípio regular, ao contrário de secado, também tem uso adjectival (ex.: confundido, empregado); há até indicações de alguns gramáticos para diferenças de utilização dos dois particípios baseadas em critérios semânticos e não sintácticos (por exemplo, Cunha e Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo [Lisboa: Ed. João Sá da Costa, 1998, p. 442], sugerem que o verbo imprimir só tem duplo particípio quando significa ‘estampar, gravar’, com o exemplo Este livro foi impresso em Portugal, e não quando significa ‘imprimir movimento’, com o exemplo Foi imprimida enorme velocidade ao carro).




Na geografia, a disparidade de designação é tão grande que só confunde! Palavras portuguesas antigas como Barém parecem estar a ser substituídas pelo equivalente inglês Bahrein. Outras, como Qatar parecem de formação estranha por anteposição de um q a um a (não conheço mais nenhuma palavra assim formada ...). Já Kosovo escreve-se com k quando o natural seria com c. Ou não?! E como seria Kuwait? Ou Koweit? Há para todos os gostos... E, se Madrid está já consagrada entre nós sem e no final (Madrid), faz sentido escrever Bagdade (ou Bagdad)?
O Acordo Ortográfico de 1945 apenas estipula, na sua base LI, que se substituam os topónimos estrangeiros por formas vernáculas sempre que existam formas antigas ou outras de uso corrente. No entanto, é algo frequente hoje em dia a utilização de formas como Bahrein ou Beijing, oriundas sobretudo do inglês, a língua franca actual, quando já existem na língua portuguesa formas aportuguesadas relativamente antigas, que deverão ser consideradas preferenciais (Barém ou Pequim, respectivamente).

Na base VIII, o acordo também prevê que as letras b, c, d, g e t se mantenham em fim de palavra em nomes próprios cuja grafia com essas consoantes finais já tenha sido consagrada pelo uso. Assim se explicam formas como Madrid ou Bagdad.

No caso de formas como Koweit/Kuwait (a que se pode ainda juntar Kuweit ou Kowait) ou Qatar, trata-se de uma questão de transliteração, ou seja, de adaptação ao nosso alfabeto de outros sistemas gráficos tão diferentes como o árabe. É por vezes difícil fazer a adaptação de sons de outras línguas que não utilizam o alfabeto latino; acresce ainda o facto de que frequentemente se adoptam as formas transliteradas para inglês, apesar de na maior parte das vezes não se adaptarem ao nosso sistema ortográfico ou fonético. Em alguns casos há tentativas de regularizar estas grafias, adaptando-as ao português (o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, por exemplo, já regista catarense como o gentílico relativo ao Catar, e coveitiano como uma das formas do gentílico relativo ao Kuwait, a par de kowaitiano, koweitiano, kuwaitiano e kuweitiano).

Nos casos de nomes próprios que se difundiram mais ou menos recentemente, como Kosovo, é natural que ainda se escrevam com sequências gráficas estranhas ao português, pois há uma tendência inicial para se manterem as formas originais ou as formas da língua pela qual entraram no nosso sistema linguístico. Com o tempo, é muito provável que essas formas tendam para um aportuguesamento, pelo que será possível acharmos naturais formas como Cosovo.

O Acordo Ortográfico de 1990 não faz nenhuma alteração em relação a este assunto.


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