Devo usar o termo implementador, ou aconselham algum outro?
O vocábulo implementador parece ser de formação recente (a partir de
implementar + sufixo -dor) e não se encontra averbado pelos
principais dicionários de língua. Ainda assim, implementador obedece às
regras de boa formação morfológica, tal como outros casos formados a partir do
sufixo -dor (exprimindo a noção de "agente") e que já se encontram
atestados lexicograficamente: alimentador, desfragmentador,
instrumentador, etc.
Pesquisas em corpora e em motores de busca da Internet revelam que o
termo implementador vem sendo usado, sobretudo na área da informática,
como adjectivo (ex.: entidade implementadora, parceiros implementadores)
e como substantivo, designando a pessoa ou a entidade que implementa (ex.:
implementadores de páginas HTML, a empresa surgiu no mercado das tecnologias de
informação como implementadora).
De facto, é possível
identificar neste vocábulo as palavras distintas que lhe deram origem – os
substantivos ponta e pé – sem que nenhuma delas tenha sido
afectada na sua integridade fonológica (em alguns casos pode haver uma adequação
ortográfica para manter a integridade fonética das palavras simples, como em
girassol, composto de gira + s + sol. Se não houvesse
essa adequação, a palavra seria escrita com um s intervocálico (girasol)
a que corresponderia o som /z/ e as duas palavras simples perderiam a sua
integridade fonética e tratar-se-ia de um composto aglutinado). Daí a
denominação de composto por justaposição, uma vez que as palavras apenas se
encontram colocadas lado a lado, com ou sem hífen (ex.: guarda-chuva, passatempo,
pontapé).
O mesmo não se passa com os compostos por aglutinação, como
pernalta (de perna + alta), por exemplo, cujos elementos se
unem de tal modo que um deles sofre alterações na sua estrutura fonética. No
caso, o acento tónico de perna subordina-se ao de alta, com
consequências, no português europeu, na qualidade vocálica do e, cuja
pronúncia /é/ deixa de ser possível para passar à vogal central fechada
(idêntica à pronúncia do e em se). Note-se ainda que as
palavras compostas por aglutinação nunca se escrevem com hífen.
Sobre este
assunto, poderá ainda consultar o cap. 24 da Gramática da Língua Portuguesa,
de Maria Helena Mira MATEUS, Ana Maria BRITO, Inês DUARTE, Isabel Hub FARIA et
al. (5.ª ed., Editorial Caminho, Lisboa, 2003), especialmente as pp. 979-980.