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Dúvidas linguísticas
nós e a gente
Gostaria de saber se é correcto dizer
a gente
em vez de
nós
.
A expressão
a gente
é uma locução pronominal equivalente, do ponto de vista semântico, ao pronome pessoal
nós
. Não é uma expressão incorrecta, apenas corresponde a um registo de língua mais informal. Por outro lado, apesar de ser equivalente a
nós
quanto ao sentido, implica uma diferença gramatical, pois a locução
a gente
corresponde gramaticalmente ao pronome pessoal
ela
, logo
à terceira pessoa do singular (ex.:
a gente
trabalha
muito; a gente
ficou convencida
) e não à primeira pessoa do plural, como o pronome
nós
(ex.:
nós
trabalhamos
muito; nós
ficámos convencidos
).
Esta equivalência semântica, mas não gramatical, em relação ao pronome
nós
origina frequentemente produções dos falantes em que há erro de concordância (ex.: *
a gente
trabalhamos
muito;
*
a gente
ficámos convencidos
; o asterisco indica agramaticalidade) e são claramente incorrectas.
A par da locução
a gente
, existem outras, também pertencentes a um registo de língua informal, como
a malta
ou
o pessoal
, cuja utilização é análoga, apesar de terem menor curso.
uso de não- como elemento prefixal
Devemos colocar um hífen a seguir a "não" em palavras como "não-governamental"? "Não governamental" é igual a "não-governamental"? O novo Acordo Ortográfico de 1990 muda alguma coisa?
A utilização e o comportamento de
não-
como elemento prefixal seguido de hífen em casos semelhantes aos apresentados é possível e até muito usual e tem sido justificada por vários estudos sobre este assunto.
Este uso prefixal tem sido registado na tradição lexicográfica portuguesa e brasileira em dicionários e vocabulários em entradas com o elemento
não-
seguido de adjectivos, substantivos e verbos, mas como virtualmente qualquer palavra de uma destas classes poderia ser modificada pelo advérbio
não
, o registo de todas as formas possíveis seria impraticável e de muito pouca utilidade para o consulente.
O
Acordo Ortográfico de 1990
não se pronuncia em nenhum momento sobre este elemento.
Em 2009, o
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
(VOLP) da Academia Brasileira de Letras (ABL), sem qualquer explicação ou argumentação, decidiu excluir totalmente o uso do hífen neste caso, pelo que as ferramentas da Priberam para o português do Brasil reconhecerão apenas estas formas sem hífen. Sublinhe-se que esta é uma opção que decorre da publicação do
VOLP
e não da aplicação do Acordo Ortográfico.
Também sem qualquer explicação ou argumentação, os "Critérios de aplicação das normas ortográficas ao Vocabulário Ortográfico do Português" [versão sem data ou número, consultada em 01-02-2011] do
Vocabulário Ortográfico do Português
(
VOP
), desenvolvido pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC), e adoptado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 do governo português, aprovada em 9 de Dezembro de 2010 e publicada no
Diário da República
n.º 17, I Série, pág. 488, em tudo à semelhança do
VOLP
da ABL, afirmam excluir o uso do hífen nestes casos. A aplicar-se este critério, deve sublinhar-se que esta é uma opção que decorre da publicação do
VOP
e não da aplicação do Acordo Ortográfico. No entanto, a consulta das entradas do
VOP
[em 01-02-2011] permite encontrar formas como
não-apoiado, não-eu, não-filho
, o que implica o efectivo reconhecimento da produtividade deste elemento. Por este motivo, os correctores e o dicionário da Priberam para o português europeu reconhecerão formas com o elemento
não-
seguido de hífen (ex.:
não-agressão
,
não-governamental
). A este respeito, ver também os
Critérios da Priberam relativamente ao Acordo Ortográfico de 1990
.
Ver todas
Palavra do dia
voga-avante
voga-avante
(
vo·ga·-a·van·te
vo·ga·-a·van·te
)
Náutica
Náutica
Indivíduo que rema.
nome masculino de dois números
[
Náutica
]
[
Náutica
]
Indivíduo que rema.
=
REMADOR, REMEIRO
Origem etimológica:
forma do verbo
vogar + avante
.