A utilização de aspas dentro de aspas é correta, como quando, por exemplo, se realça uma palavra dentro de uma citação, ou se cita algo dentro de outra citação? Exemplo: "Nos casos do art. 41 há referência aos "casos expressos em lei" (palavras realçadas).
Um deles está bem perto, que é o do art. 42, § 1.º" (fim de citação). Outras dúvidas relacionadas: O que fazer quando a palavra realçada for a última da citação, fazendo com que as aspas de uma e outra coincidam? Utilizam-se uma ou duas aspas no final da frase? Exemplo: "Nos casos do art. 41 há referência aos "casos expressos em lei". ou "Nos casos do art. 41 há referência aos "casos expressos em lei"". As aspas vêm antes ou depois do ponto final numa citação? Exemplo: "Eu adoro chocolate". ou "Eu adoro chocolate."
Nos exemplos citados, as aspas estão a ser usadas para identificar uma citação e para
destacar uma parte do texto. Estes são dois usos possíveis para as aspas, mas o
seu emprego simultâneo pode gerar confusão no leitor, que poderá considerar que se trata de uma citação dentro de uma citação. Por este motivo, para tornar mais claro um destaque dentro de uma citação, será aconselhável recorrer a outra
maneira de dar destaque gráfico, como o itálico (ex.: "Nos casos do art. 41 há
referência aos casos expressos em lei"), o sublinhado (ex.: "Nos casos do
art. 41 há referência aos casos expressos em lei"), o negro (ex.: "Nos
casos do art. 41 há referência aos casos expressos em lei") ou a
combinação de dois ou mais destes destaques gráficos (ex.: "Nos casos do art. 41
há referência aos casos expressos em lei").
Não é, no entanto, incorrecta a utilização de aspas dentro de aspas, devendo
haver o cuidado de fechar cada um dos conjuntos de aspas, mesmo que isso origine
sinais repetidos (ex.: "Nos casos do art. 41 há referência aos "casos expressos
em lei""); nestes casos, poderá optar pelo uso de aspas diferentes (ex.: "Nos
casos do art. 41 há referência aos «casos expressos em lei»").
Encontrei uma resposta que passo a transcrever "Na frase Já passava das duas da manhã quando aquele grupo de jovens se encontraram perto do restaurante existe uma locução (aquele grupo de jovens) que corresponde a um sujeito da oração subordinada (quando aquele grupo de jovens se encontraram perto do restaurante) com uma estrutura complexa. Nesta locução, o núcleo do sintagma é grupo, e é com este substantivo que deve concordar o verbo encontrar. Desta forma, a frase correcta seria Já passava das duas da manhã quando aquele grupo de jovens se encontrou perto do restaurante."
Sendo que a frase em questão foi retirada do Campeonato Nacional de Língua Portuguesa, e a frase completa é "Já passava das duas quando aquele grupo de jovens se encontraram perto da discoteca, aonde o Diogo os aguardava". Segundo a vossa resposta, dever-se-ia ter escrito "(...) aquele grupo de jovens se encontrou (...)". Mas se assim for, também seria de considerar "aonde o Diogo os aguardava", pois se consideramos que o sujeito é singular, não faz sentido dizer "os aguardava", mas sim "o aguardava". No entanto, não podemos considerar que existe concordância atractiva em que "deixamos o verbo no singular quando queremos destacar o conjunto como uma unidade. Levamos o verbo ao plural para evidenciarmos os vários elementos que compõem o todo." (Gramática do Português Contemporâneo Cunha/Cintra)? Agradeço elucidação se mantêm a vossa opinião, tendo a frase completa. Já agora, na frase utiliza-se "aonde Diogo os esperava". Não deveria ser "onde"?
A Priberam Informática não pretende responder especificamente a perguntas do
Campeonato Nacional da Língua Portuguesa,
mas apenas a dúvidas linguísticas que lhe são colocadas e que são consideradas
pertinentes, sendo as respostas redigidas tendo em conta a clareza e a concisão
para os utilizadores.
As concordâncias são um caso problemático no português, como deixam claro Telmo
Móia e João Peres no capítulo 7 de Áreas
Críticas do Português (Caminho, 1995), e o caso em questão,
aquele grupo de jovens, parece fazer
parte de um conjunto de expressões formadas por um nome (como
grupo ou conjunto) que, combinado com outro, “permitem referir colecções de objectos,
sem as quantificarem” (Móia e Peres, p. 471). Esta reflexão parece mostrar que
este grupo difere um pouco das expressões partitivas (como
parte, porção ou maioria) que referem Celso Cunha e
Lindley Cintra na Nova Gramática do
Português Contemporâneo (Edições João Sá da Costa, 1998, p. 496). No
entanto, tanto num caso como noutro, a construção mais neutra deveria
corresponder a uma unidade, ao todo, isto é, pegando no texto de Cunha e Cintra
("Deixamos o verbo no singular quando queremos destacar o conjunto como uma
unidade. Levamos o verbo ao plural para evidenciarmos os vários elementos que
compõem o todo."), o plural parece ser uma maneira de modalizar o discurso,
dando-lhe um matiz menos neutro, enfatizando, na unidade, os seus elementos
constituintes. Vemos como estas construções são problemáticas quando comparadas,
por exemplo, com um grupo nominal como carro
das mercadorias, onde não hesitaríamos (ou hesitaríamos menos) em
identificá-lo como uma unidade, com a correspondente flexão do verbo que se lhe
seguisse (O carro das mercadorias
entrou na rua). Por este
motivo reiteramos as nossas observações da resposta
concordâncias (I).
No que diz respeito à concordância do pronome pessoal
os em
Já passava das duas quando aquele grupo de
jovens se encontrou perto da discoteca, onde o Diogo os aguardava,
pode dizer-se que, sendo um pronome pessoal, deve concordar com o seu
antecedente, mas este antecedente não tem necessariamente de ser o sujeito da
frase. Retomando um exemplo acima (O carro
das mercadorias entrou na rua) podemos adaptá-lo a uma construção
afim em que a concordância é possível com qualquer dos antecedentes (O
carro das mercadorias entrou na rua, onde o comerciante as/o aguardava).
São estas concordâncias possíveis com mais de um antecedente que por vezes tornam
as frases ambíguas.
Relativamente à sua questão sobre onde
e aonde, por favor consulte a resposta
onde / aonde.
Sem qualquer crítica ao referido campeonato, podemos no entanto observar que a
maioria das questões problemáticas da língua não se adequa a respostas apenas
com dois valores, como sim/não ou correcto/incorrecto, pois contém uma
complexidade que as ultrapassa.