Como se pronuncia a letra E quando falamos a, e, i, o, u? a, é ou e, i... E
no alfabeto? A, b, c, d, e ou é... Quando vamos nos referir a
letra e ou é numa palavra, como devemos pronunciar? Por exemplo,
indaguei a um colega quantas letras E deveria colocar na palavra meeting.
Ele me respondeu que não era letra e, mas sim letra é que deveria
empregar. Qual seria a resposta correta?
O nome da letra E deverá ser lido [È]
(este é o símbolo do alfabeto fonético equivalente ao E das palavras pé
ou fera). Quanto à pronúncia
da letra E, ela pode corresponder a vários sons, consoante o contexto e, por
vezes, consoante as características lexicais de cada palavra. Assim, esta letra
pode corresponder à vogal [È] como em pé, fera
ou papel; à vogal [e] como em
dedo, seu ou vê; à vogal
[i] como em e (conjunção) ou eléctrico;
à vogal [i] como em estudante;
à vogal [á]
como em coelho, igreja, senha
ou eira; à semivogal [j] como em área
ou pães.
Da mesma forma, o nome da letra R é erre,
mas não se pronuncia erre numa palavra (pronuncia-se [r] entre vogais,
depois de uma consoante da mesma sílaba ou em final de palavra, como em caro,
cobra ou falar; pronuncia-se [R] em
início de palavra, em início de sílaba ou quando está duplicado como em
rua, palrar, tenro ou carro).
A minha dúvida reside na utilização do verbo recepcionar e da palavra recepcionado. Estas palavras existem, ou por outro lado deve ser usada a frase "acusámos a recepção de"?
O verbo recepcionar surge em alguns dicionários de língua portuguesa
com os sentidos “promover recepção, festa” (ex.: Gostavam de recepcionar
em casa) e “acolher com deferência” (ex.: Foram recepcionar o
presidente no aeroporto), como regista o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa (edição brasileira da Editora Objetiva, 2001; edição portuguesa
do Círculo de Leitores, 2002).
Pesquisas em corpora e em motores de
pesquisa da Internet revelam que o verbo recepcionar vem sendo também
usado com os sentidos “acusar recepção de correspondência” (ex.: O
funcionário perguntou se eu tinha recepcionado a carta registada) e
“fazer recepção de bola” (ex.: O jogador recepcionou a bola e rematou).
Alguns gramáticos (e alguns falantes) insurgem-se contra estes novos usos do
verbo recepcionar em detrimento de receber, admitindo apenas os
dois primeiros sentidos mencionados acima, por se ligarem semanticamente a
recepção (“reunião festiva”). Mas esse argumento é questionável, já que os
novos usos também se ligam a recepção (“acto de receber”) e que o verbo
receber também contempla os dois primeiros sentidos, como se pode ver
pelas seguintes substituições: Gostavam de receber em casa; Foram
receber o presidente no aeroporto; O funcionário perguntou se eu tinha
recebido a carta registada; O jogador recebeu a bola e rematou. O
que estas substituições demonstram é que tanto recepcionar quanto
receber podem ser usados nestes contextos sem perda de informação, podendo
por isso ser considerados sinónimos. Os mais puristas irão reclamar da
intromissão destes novos sentidos de recepcionar, outros irão continuar a
usá-los, produzindo assim material linguístico que será averbado pelos
dicionários que descrevem a língua; a cada falante compete a escolha, consoante
as suas preferências e sensibilidades linguísticas.