Uma professora minha disse que nunca se podia colocar uma vírgula entre o sujeito e o verbo. É verdade?
Sobre o uso da vírgula em geral, por favor consulte a dúvida
vírgula antes da conjunção e. Especificamente sobre a questão colocada,
de facto, a indicação de que não se pode colocar
uma vírgula entre o sujeito e o verbo é verdadeira. O uso da vírgula, como o da
pontuação em geral, é complexo, pois está intimamente ligado à decomposição
sintáctica, lógica e discursiva das frases. Do ponto de vista lógico e
sintáctico, não há qualquer motivo para separar o sujeito do seu predicado (ex.:
*o rapaz [SUJEITO], comeu [PREDICADO]; *as
pessoas que estiveram na exposição [SUJEITO],
gostaram muito [PREDICADO]; o asterisco indica agramaticalidade).
Da mesma forma, o verbo não deverá ser separado dos complementos obrigatórios
que selecciona (ex.: *a casa é [Verbo], bonita [PREDICATIVO
DO SUJEITO]; *o rapaz comeu [Verbo], bolachas
e biscoitos [COMPLEMENTO DIRECTO]; *as pessoas gostaram
[Verbo], da exposição [COMPLEMENTO
INDIRECTO]; *as crianças ficaram [Verbo],
no parque [COMPLEMENTO ADVERBIAL OBRIGATÓRIO]). Pela mesma
lógica, o mesmo se aplica aos complementos seleccionados por substantivos (ex.
* foi a casa, dos avós), por adjectivos (ex.: *estava
impaciente, por sair) ou por advérbios (*lava as mãos antes,
das refeições), que não deverão ser separados por vírgula da palavra que os
selecciona.
Há, no entanto, alguns contextos em que pode haver entre o sujeito e o verbo uma estrutura sintáctica separada por vírgulas, mas apenas no caso de essa estrutura poder ser isolada por uma vírgula no início e no fim. Estes são normalmente os
casos de adjuntos nominais (ex.: o rapaz, menino muito magro, comeu muito),
adjuntos adverbiais (ex.: o rapaz, como habitualmente, comeu muito),
orações subordinadas adverbiais (ex.: as pessoas que estiveram na exposição,
apesar das más condições, gostaram muito), orações subordinadas relativas explicativas (ex.: o rapaz, que até não tinha fome,
comeu muito).
Colibri
diz-se: Culibri? ou Colibri (com o som do -o- aberto)? Li
que a sílaba acentuada é a última? Sendo aguda, que som tem a sílaba Co-? E
porquê, ou seja qual é a regra para a pronunciação desta palavra?
Na questão colocada,
está em causa a qualidade da vogal de uma sílaba átona, e não a sua acentuação
(a palavra é sempre acentuada na última sílaba: colibri).
A letra o pode corresponder ao som [o], como em avô
ou dor, ao som [ɔ], como em avó ou corda,
ou ao som [u], como em comida ou carro.
No português
europeu, como regra geral (com muitas excepções), as vogais que não pertencem a
uma sílaba tónica são elevadas. Por exemplo, no caso da vogal o das
palavras corda e cordão, o som [ɔ]
(vogal mais baixa) da palavra corda (com acento tónico em
cor) passa a pronunciar-se [u] (vogal mais alta) em cordão
pois a sílaba tónica passou a ser a última cordão. Esta
regra geral pode aplicar-se a colibri (como a sílaba tónica é bri,
a sílaba co- pode pronunciar-se [ku]), mas no caso desta palavra, há
informação lexical, isto é, relativa à própria palavra e não às regras mais
gerais da língua, que faz com que, por motivos etimológicos ou outros, a maioria
dos falantes pronuncie [kɔ]libri. Esta é então também a pronúncia registada
no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia da
Ciências/Verbo e, posteriormente, no Grande Dicionário Língua Portuguesa,
da Porto Editora.