Tenho informações de que a palavra adequar é verbo defectivo e portanto, dizer "eu adequo" estaria errado por não existir esta conjugação.
Nem sempre há consenso entre os gramáticos quanto à defectividade de um dado verbo. É o que acontece no presente caso: o Dicionário Aurélio Eletrônico, por exemplo, regista o verbo adequar como defectivo, conjugando-o apenas parcialmente, enquanto o Dicionário Eletrônico Houaiss conjuga o verbo em todas as suas formas. A este respeito convém talvez transcrever o que diz Rebelo Gonçalves (que conjuga igualmente o referido verbo em todas as formas) no seu Vocabulário da Língua Portuguesa (1966: p. xxx):
"3. Indicando a conjugação de verbos defectivos, incluímos nela, donde a onde, formas que teoricamente podem suprir as que a esses verbos normalmente faltam. Critério defensável, parece-nos, porque não custa admitir, em certos casos, que esta ou aquela forma, hipotética hoje, venha a ser real amanhã; e, desde que bem estruturada, serve de antecipado remédio a possíveis inexactidões."
A defectividade verbal ocorre geralmente por razões de pronúncia (por exemplo, para não permitir sequências sonoras estranhas ou desagradáveis ao ouvido dos falantes como *coloro em “Eu coloro com tinta verde.” [leia-se: “Eu estou a colorir com tinta verde” / “Eu estou colorindo com tinta verde”]) ou por razões de significado (nem sempre a ideia transmitida pelo verbo é passível de ser expressa por todas as pessoas gramaticais). No entanto, convém ter em mente, como afirma Rebelo Gonçalves, que o termo (no caso, uma forma verbal) que hoje não passa de uma hipótese, futuramente poderá ser uma realidade.
No caso em análise, será correcta uma frase como "eu adequo a minha linguagem ao público a que me dirijo".
Pretendo saber como se lê a palavra ridículo. Há
quem diga que se lê da forma que se escreve e há quem diga que se lê redículo.
Assim como as palavras ministro e vizinho, onde também tenho a mesma dúvida.
A dissimilação, fenómeno fonético que torna diferentes dois ou mais segmentos fonéticos iguais
ou semelhantes, é muito frequente em português europeu.
O caso da pronúncia do
primeiro i não como o habitual [i] mas como [i] (idêntico à
pronúncia de se ou de) na palavra ridículo
é apenas um exemplo de dissimilação entre dois sons [i].
O mesmo fenómeno pode
acontecer nos casos de civil, esquisito, feminino,
Filipe, imbecilidade, medicina, militar,
milímetro, ministro, príncipe, sacrifício,
santificado, Virgílio, visita, vizinho
(o segmento destacado é o que pode sofrer dissimilação), onde se pode verificar
que a modificação nunca ocorre na vogal da sílaba tónica ou com acento
secundário, mas nas vogais de sílabas átonas que sofrem enfraquecimento.
A este respeito, convém referir que alguns dicionários de língua portuguesa,
como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das
Ciências de Lisboa (Verbo, 2001) ou o Grande Dicionário Língua Portuguesa
(Porto Editora, 2004), apresentam transcrição fonética das palavras. Podemos
verificar que nestas obras de referência, a transcrição não é uniforme. No
dicionário da Academia das Ciências, estas palavras são transcritas de forma
quase sistemática sem dissimilação, mas a palavra príncipe é transcrita
como prínc[i]pe. No dicionário da Porto editora, algumas
destas palavras são transcritas com e sem dissimilação, por esta ordem, como em
feminino, medicina, militar, ministro ou vizinho, mas a palavra
esquisito é transcrita com a forma sem dissimilação em primeiro lugar,
enquanto as palavras civil, príncipe, sacrifício e visita
são transcritas apenas sem dissimilação.
Em
conclusão, nestes contextos, é possível encontrar no português europeu as duas
pronúncias, com e sem dissimilação, sendo que em alguns casos parece mais rara e
noutros não. A pronúncia destas e de outras palavras não obedece a critérios de
correcção, pois não se trata de uma pronúncia correcta ou incorrecta, mas de
variações de pronúncia relacionadas com o dialecto ou o sociolecto do falante.
Assim, nos exemplos acima apresentados é igualmente correcta a pronúncia dos
segmentos assinalados como [i] ou [i].