Apesar de ter lido as várias respostas sobre o assunto, ainda me restam duas dúvidas quanto ao hífen: carbo-hidrato ou carboidrato? Uma vez que contra-ataque tem hífen, o correto é escrever contra-indicação em vez de contraindicação?
A aposição prefixal de elementos de composição de palavras começadas por h suscita geralmente dúvidas, devido ao facto de as regras para a manutenção ou elisão do h não serem coerentes nem inequívocas.
Se com alguns elementos de formação o h se mantém (sempre antecedido de hífen, como em anti-higiénico, co-herdeiro ou sobre-humano), com outros, como é o caso de carbo-, a remoção do h é permitida. Sendo assim, e seguindo os critérios da tradição lexicográfica, deverá grafar-se carboidrato e não carbo-hidrato.
Com a aplicação do novo Acordo Ortográfico de 1990 (ver base II e base XVI), o elemento de composição contra- apenas se hifeniza quando precede elemento começado por h ou por a, a mesma vogal em que termina (ex.: contra-harmónico, contra-argumento), aglutinando-se nos restantes casos, havendo duplicação da consoante quando o elemento seguinte começa por r ou s (ex.: contraindicação, contrarreforma, contrassenha).
Dever-se-á escrever "A presença e a opinião dos pais é importante." ou "A presença e a opinião dos pais são importantes."?
Em português, regra geral, o sujeito composto por uma estrutura coordenada do
tipo que refere (sintagma nominal “e” sintagma nominal) implica
concordância verbal no plural, pois remete geralmente para um conjunto de
entidades. Por essa razão, a frase “A presençaea opinião
dos paissão importantes” está correcta.
No entanto, dado que a concordância com verbos copulativos (sobre este assunto,
pode consultar também a resposta
verbo predicativo ser) e com constituintes coordenados é uma área
problemática em português, muitos falantes considerarão a frase “A
presença e a opinião dos paisé importante” como gramatical. Isto acontece
provavelmente devido à proximidade de um componente singular do sujeito composto
junto do verbo (“a opinião dos pais é importante”) ou por um fenómeno de
concordância lógica motivado por uma unidade semântica (“uma acção [que
engloba a presença e a opinião] dos pais é importante”). Este último
argumento é facilmente perceptível se eliminarmos o constituinte “dos pais”,
que levará a maioria dos falantes a aceitar apenas a concordância no plural (“A
presença e a opinião são importantes” por oposição a “*A presença e a
opinião é importante” [o asterisco indica agramaticalidade]).
Resumindo, pode dizer-se que existe uma regra geral, a da concordância do
sujeito composto com o plural, que, neste caso, não impede a aceitabilidade de
concordância no singular. Note-se que esta é uma área onde os juízos de
gramaticalidade de falantes e gramáticos variam, muitas vezes por razões de
interpretação semântica. Em qualquer caso, a frase “A presença e a opinião
dos pais são importantes” nunca poderá ser considerada incorrecta, enquanto
a construção “A presença e a opinião dos pais é importante” poderá ser
polémica ou discutível.