Os nomes próprios têm plural: ex. A Maria, as Marias?
Os nomes próprios de pessoa, ou antropónimos, também podem ser flexionados no
plural, designando várias pessoas com o mesmo prenome (No ginásio há duas
Marias e quatro Antónios) ou aspectos diferentes de uma
mesma pessoa/personalidade (Não sei qual dos Joões prefiro: o João
aventureiro que começou a empresa do zero, e que vestia calças de ganga, ou o
João empresário de sucesso, que só veste roupa de marca).
Os nomes próprios usados como sobrenome podem igualmente ser flexionados no
plural. Neste caso, convergem duas práticas: a mais antiga, atestada no romance
Os Maias de Eça de Queirós, pluraliza artigo e nome próprio (A casa
dos Silvas foi vendida) e a mais actual
pluraliza apenas o artigo (Convidei os Silva para jantar).
Gostaria de saber se escrever ou dizer o termo deve de ser é correcto?
Eu penso que não é correcto, uma vez que neste caso deverá dizer-se ou escrever
deverá ser... Vejo muitas pessoas a usarem este tipo de linguagem no seu
dia-a-dia e penso que isto seja uma espécie de calão, mas já com grande
influência no vocabulário dos portugueses em geral.
Na questão que nos coloca, o verbo dever comporta-se como um verbo
modal, pois serve para exprimir necessidade ou obrigação, e como verbo
semiauxiliar, pois corresponde apenas a alguns dos critérios de auxiliaridade
geralmente atribuídos a verbos auxiliares puros como o ser ou o estar
(sobre estes critérios, poderá consultar a Gramática da Língua Portuguesa,
de Maria Helena Mira Mateus, Ana Maria Brito, Inês Duarte e Isabel Hub Faria,
pp. 303-305). Neste contexto, o verbo dever pode ser utilizado com ou sem
preposição antes do verbo principal (ex.: ele deve ser rico = ele deve
de ser rico). Há ainda autores (como Francisco Fernandes, no Dicionário
de Verbos e Regimes, p. 240, ou Evanildo Bechara, na sua Moderna
Gramática Portuguesa, p. 232) que consideram existir uma ligeira diferença
semântica entre as construções com e sem a preposição, exprimindo as primeiras
uma maior precisão (ex.: deve haver muita gente na praia) e as segundas
apenas uma probabilidade (ex.: deve de haver muita gente na praia). O uso
actual não leva em conta esta distinção, dando preferência à estrutura que
prescinde da preposição (dever + infinitivo).