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BICOS

A forma BICOSé [masculino plural de bicobico].

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bicobico
( bi·co

bi·co

)
Imagem

OrnitologiaOrnitologia

Parte córnea que remata a boca das aves.


nome masculino

1. [Ornitologia] [Ornitologia] Parte córnea que remata a boca das aves.Imagem

2. [Por extensão] [Por extensão] Ave doméstica.Imagem

3. Prolongamento na parte da frente da cabeça de um animal (ex.: bico do peixe-agulha).

4. [Informal, Figurado] [Informal, Figurado] Boca humana (ex.: cala o bico!).

5. [Portugal: Minho, Trás-os-Montes] [Portugal: Minho, Trás-os-Montes] Beijo.

6. Extremidade saliente ou aguçada de alguns objectos. = PONTA

7. Aparo para escrever. = PONTA

8. Extremidade de um queimador de gás (ex.: um dos bicos do fogão está entupido; fogão com quatro bicos). = BOCA

9. Dívida insignificante.

10. [Informal] [Informal] Princípio de bebedeira.

11. [Informal] [Informal] Pessoa que gosta de beber vinho.

12. [Informal] [Informal] Serviço remunerado que se faz para além do emprego habitual (ex.: o cunhado é mecânico e faz uns bicos de vez em quando). = BISCATE

13. [Portugal, Calão] [Portugal, Tabuísmo] Prática sexual que consiste em estimular o pénis com a boca ou com a língua. = FELAÇÃO


interjeição

14. [Brasil, Informal] [Brasil, Informal] Exclamação para impor silêncio ou impedir que se fale sobre determinado assunto. = CALUDA


abrir o bico

[Informal] [Informal] Falar ou contar alguma coisa (ex.: se abres o bico, arrependes-te).

bico calado

Exclamação que visa impor silêncio ou impedir que se fale sobre determinado assunto.

bico do pé

Ponta do pé.

bico do peito

Glândula mamária. = MAMILO

bom de bico

[Brasil, Informal] [Brasil, Informal] Que é hábil a argumentar ou a convencer.

[Brasil, Informal] [Brasil, Informal] Que inventa ou exagera façanhas, conhecimentos ou qualidades.

em bicos de pés

Sem assentar os calcanhares no chão.

Sem fazer barulho.

[Informal] [Informal] De modo vaidoso ou com ares de importante.

molhar o bico

[Informal] [Informal] Tomar uma pequena porção de bebida, geralmente alcoólica. = MOLHAR A GARGANTA, MOLHAR A GOELA

não abrir o bico

[Informal] [Informal] Ficar calado.

torcer o bico ao prego

[Informal] [Informal] O mesmo que virar o bico ao prego.

virar o bico ao prego

[Informal] [Informal] Desvirtuar intencionalmente o sentido de uma afirmação ou de algo, fazendo uma interpretação segundo os interesses ou a conveniência do próprio.

[Informal] [Informal] Desviar-se propositadamente do tema de uma conversa ou discussão; mudar de assunto por conveniência.

voltar o bico ao prego

[Informal] [Informal] O mesmo que virar o bico ao prego.

etimologiaOrigem etimológica:latim beccus, -i, bico, especialmente o do galo.

BICOSBICOS

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Dúvidas linguísticas



Deparei-me com um problema linguístico ao qual não sei dar resposta. Como se deve escrever: semi sombra, semisombra, semi-sombra ou semissombra?
A grafia correcta é semi-sombra, se estiver a utilizar a ortografia segundo o Acordo Ortográfico de 1945, isto é, anterior ao Acordo Ortográfico de 1990. Segundo o Acordo de 1945, na base XXIX, e segundo o Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves, o prefixo semi- só se escreve com hífen quando a palavra que se lhe segue começa por h (ex.: semi-homem), i (ex.: semi-inconsciente), r (ex.: semi-racional) ou s (ex.: semi-selvagem). Já o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, acrescenta que este prefixo é grafado com hífen sempre que a palavra que se lhe segue começa por qualquer vogal. Daí a divergência na escrita entre a norma portuguesa (ex.: semiaberto, semiesfera, semioficial, semiuncial) e a norma brasileira (ex.: semi-aberto, semi-esfera, semi-oficial, semi-uncial).

Se, porém, estiver a utilizar a grafia segundo o Acordo Ortográfico de 1990, a grafia correcta é semissombra. Segundo este acordo, na sua Base XVI, não se emprega o hífen "nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se" (ex.: semirracional, semissegredo). Ainda segundo esta mesma base, deixa de haver divergência entre a norma portuguesa e a brasileira, pois apenas deverá ser usado o hífen quando a palavra seguinte começa por h (ex.: semi-histórico) ou pela mesma vogal em que termina o prefixo (ex.: semi-internato) e não quando se trata de vogal diferente (ex.: semiautomático).




Última crónica de António Lobo Antunes na Visão "Aguentar à bronca", disponível online. 1.º Parágrafo: "Ficaram por ali um bocado no passeio, a conversarem, aborrecidas por os homens repararem menos nelas do que desejavam."; 2.º Parágrafo: "nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos, nunca os tinha visto, claro, mas aí estão eles, a tremerem. Ou são os dedos que tremem?".
Dúvidas: a conversarem ou a conversar? A tremerem ou a tremer?
O uso do infinitivo flexionado (ou pessoal) e do infinitivo não flexionado (ou impessoal) é uma questão controversa da língua portuguesa, sendo mais adequado falar de tendências do que de regras, uma vez que estas nem sempre podem ser aplicadas rigidamente (cf. Celso CUNHA e Lindley CINTRA, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Edições Sá da Costa, 1998, p. 482). É também por essa razão que dúvidas como esta são muito frequentes e as respostas raramente podem ser peremptórias.

Em ambas as frases que refere as construções com o infinitivo flexionado são precedidas pela preposição a e estão delimitadas por pontuação. Uma das interpretações possíveis é que se trata de uma oração reduzida de infinitivo, com valor adjectivo explicativo, à semelhança de uma oração gerundiva (ex.: Ficaram por ali um bocado no passeio, a conversarem, aborrecidas [...] = Ficaram por ali um bocado no passeio, conversando, aborrecidas [...]; nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] mas aí estão eles, a tremerem. = nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] mas aí estão eles, tremendo.). Nesse caso, não há uma regra específica e verifica-se uma oscilação no uso do infinitivo flexionado ou não flexionado.

No entanto, se estas construções não estivessem separadas por pontuação do resto da frase, não tivessem valor adjectival e fizessem parte de uma locução verbal, seria obrigatório o uso da forma não flexionada: Ficaram por ali um bocado no passeio a conversar, aborrecidas [...] = Ficaram a conversar por ali um bocado no passeio, aborrecidas [...]; nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] nunca os tinha visto, claro, mas aí estão eles a tremer. = nunca imaginei ser possível existirem cigarros friorentos [...] nunca os tinha visto, claro, mas eles aí estão a tremer. Neste caso, a forma flexionada do infinitivo pode ser classificada como agramatical (ex.: *ficaram a conversarem, *estão a tremerem [o asterisco indica agramaticalidade]), uma vez que as marcas de flexão em pessoa e número já estão no verbo auxiliar ou semiauxiliar (no caso, estar e ficar).