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Dúvidas linguísticas


Gostaria de saber se a palavra sofá se pronuncia "SÓFÁ" acentuando também no o ou sem acentuação.
Na questão colocada, não está em causa a acentuação (a palavra é sempre acentuada na última sílaba: so), mas a qualidade da vogal (a vogal o, por exemplo, pode corresponder aos sons [ɔ], como em fome, [o], como em amor, ou [u], como em barco).

No português, como regra geral (com muitas excepções), as vogais que não pertencem a uma sílaba tónica são elevadas. Por exemplo, no caso da vogal o nas palavras dobra e dobrar, o som [ɔ] (vogal mais baixa) da palavra dobra (com acento tónico em do) passa a pronunciar-se [u] (vogal mais alta) em dobrar pois a sílaba tónica passou a ser a última dobrar.

Esta regra geral aplica-se a sofá e aí, como a sílaba tónica é , a sílaba so- pode pronunciar-se [su] (e é esta a pronúncia registada no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia da Ciências/Verbo e, posteriormente, no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora).

A pronúncia [sɔ] é também possível, pois a palavra, apesar de ser de origem árabe, entrou no português através do francês, sendo pronunciada ó nessa língua, podendo desta forma ser considerada um galicismo.




Gostaria de saber porque se escreve costas no plural e não no singular uma vez que a parte de trás é um lado. Seguindo o mesmo raciocínio deveríamos escrever peitos ou barrigas? Se eu digo que estou com dor nas costas, deveria dizer também que estou com dor nos peitos ou nas barrigas?
Algumas palavras, apesar de ocorrerem no mesmo contexto que outras (por exemplo dor no peito e dor nas costas) têm uma informação lexical diferente, isto é, não têm o mesmo comportamento no que diz respeito ao género e/ou ao número (nem sempre o que se fixa na língua corresponde à lógica que poderíamos procurar; se seguíssemos essa mesma lógica, peito e costas deveriam ser do mesmo género).

No caso da palavra costa, não podemos dizer dor na costa pois apenas o substantivo feminino plural costas tem o sentido de dorso, um pouco como se fosse uma outra palavra, com sentido distinto de costa, que se pode empregar quer no singular, quer no plural. Não se sabe o que motiva este fenómeno, mas segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (edição brasileira da Editora Objetiva, 2001; edição portuguesa do Círculo de Leitores, 2002) o termo costas aparece na língua portuguesa registado com o significado de dorso pelo menos desde o séc. XIII, enquanto costa com o significado de litoral tem um registo do séc. XIV.

Esta particularidade do plural com um sentido próprio é mais visível no caso de palavras que se empregam exclusivamente no plural. Alvíssaras, por exemplo, é uma palavra usada apenas no plural, apesar de poder ser sinónimo de recompensa, que é usada no singular.