A locução adverbial
de frente, que poderá encontrar no verbete
frente do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, significa "de
face", "com a parte dianteira à mostra" (ex.: vira-te de frente para eu te ver
melhor) ou "sem medo" (ex.: olhou os problemas de frente e tentou
resolvê-los). A palavra
fronte, pelo contrário, não forma nenhuma locução de fronte. Por
tradição lexicográfica, é usado o advérbio
defronte (ex.: ele mora neste prédio e o irmão vive defronte), que
significa "em posição frontal" ou "na parte dianteira de algo" e é sinónimo da
locução em frente (ex.: ele mora neste prédio e o irmão vive em frente).
Paralelamente, o advérbio defronte pode ainda formar locuções
preposicionais como defronte a ou defronte de (ex.: o hotel está
defronte ao mar; os estudantes manifestar-se-ão defronte do ministério),
que são sinónimas das locuções à frente de, em frente a e em
frente de (ex.: o hotel está em frente ao/do mar; os estudantes
manifestar-se-ão à frente do ministério).
Penso que há um erro no vosso conjugador quando consultamos o verbo ruir (presente do indicativo), quando confrontado com outro conjugador.
É muito frequente
não haver consenso quanto à defectividade de um verbo e o caso do verbo ruir é paradigmático, divergindo as fontes de referência.
Das obras
consultadas, o Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses (Lisboa: Texto
Editores, 2007), o Dicionário
HouaissEletrônico ([CD_ROM] versão 3.0, Rio de Janeiro: Instituto Antônio
Houaiss / Objetiva, 2009), o Dicionário Aurélio
([CD_ROM] versão 6.0, Curitiba: Positivo Informática, 2009) e o Dicionário
Houaiss de verbos da Língua Portuguesa (Rio de Janeiro: Objetiva, 2003) consideram este verbo como defectivo, isto é, não
apresentam todas as formas do paradigma de conjugação a que o verbo pertence
(neste caso, as formas da primeira pessoa do presente do indicativo, todo o
presente do conjuntivo e as formas do imperativo que deste derivam).
O Dicionário de Verbos e Regimes, de Francisco FERNANDES (44.ª ed., São
Paulo: Ed. Globo, 2001) cita Ernesto Ribeiro, que considera este verbo
geralmente defectivo nas formas homófonas com formas do verbo roer, e as
outras formas pouco usadas.
A
Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso CUNHA e Lindley CINTRA
(Lisboa: Edições Sá da Costa, 1998) refere (p. 420), por outro lado, que o verbo
ruir se conjuga pelo modelo regular de influir. É esta também a
opção do Dicionário de Verbos Portugueses, da Porto Editora (Porto: Porto
Editora, 1996).
Da informação acima
apresentada se pode concluir que uma resposta peremptória a este tipo de
questões é impossível e mesmo inadequada, estando a opção do Conjugador do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa justificada e secundada por sólidas referências.
No entanto, qualquer verbo considerado defectivo pode ser hipoteticamente conjugado em todas as pessoas, pelo que as formas eu ruo ou que ele
rua são possíveis.