As expressões ter a ver com e ter que ver com são ambas admissíveis ou só uma delas é correcta?
As duas expressões citadas são semanticamente equivalentes.
Alguns puristas da língua têm considerado como
galicismo a expressão ter a ver com, desaconselhando o seu uso. No
entanto, este argumento apresenta-se frágil (como a maioria dos que condenam
determinada forma ou expressão apenas por sofrer influência de uma outra
língua), na medida em que a estrutura da locução ter que ver com possui
uma estrutura menos canónica em termos das classes gramaticais que a compõem,
pois o que surge na posição que corresponde habitualmente à de uma
preposição em construções perifrásticas verbais (por favor, consulte também
sobre este assunto a dúvida
ter de/ter que).
Porque escrevemos Henrique com um r e não dois rr? Qual a regra?
A ortografia é um
conjunto de regras convencionadas e, na maioria das vezes, é o utilizador da
língua que mais lê e mais consulta obras de referência, como dicionários,
prontuários e afins, que melhor conhece essas regras e que melhor escreve. Há, no entanto, algumas indicações úteis, no caso da letra r:
a) O erre simples (r) representa o som [R] (consoante vibrante velar) em
início de palavra (ex.: rasar, régua, rua), a
seguir a uma vogal nasal (ex.: Henrique, honra, tenro),
ou em início de sílaba a seguir a uma consoante (ex.: israelita, melro).
b) O erre simples (r) representa o som [r] (consoante vibrante alveolar)
em contexto intervocálico, antecedido de vogal oral (ex.: cara, puro),
nos grupos consonânticos br, cr, dr, fr, gr, pr, tr e vr (ex.:
abrir, credo, coldre, fraco, grua, imprimir,
latrina, nevrose), ou em final de sílaba (ex.: cargo,
partir, querer, surto); o erre simples nunca representa
o som [r] em início de palavra.
c) O erre dobrado (rr) representa sempre o som [R] e apenas em contextos
intervocálicos (ex.: barra, errado, mirra, socorro,
urro), nunca em início de palavra ou depois de consoante.