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Dúvidas linguísticas
nós e a gente
Gostaria de saber se é correcto dizer
a gente
em vez de
nós
.
A expressão
a gente
é uma locução pronominal equivalente, do ponto de vista semântico, ao pronome pessoal
nós
. Não é uma expressão incorrecta, apenas corresponde a um registo de língua mais informal. Por outro lado, apesar de ser equivalente a
nós
quanto ao sentido, implica uma diferença gramatical, pois a locução
a gente
corresponde gramaticalmente ao pronome pessoal
ela
, logo
à terceira pessoa do singular (ex.:
a gente
trabalha
muito; a gente
ficou convencida
) e não à primeira pessoa do plural, como o pronome
nós
(ex.:
nós
trabalhamos
muito; nós
ficámos convencidos
).
Esta equivalência semântica, mas não gramatical, em relação ao pronome
nós
origina frequentemente produções dos falantes em que há erro de concordância (ex.: *
a gente
trabalhamos
muito;
*
a gente
ficámos convencidos
; o asterisco indica agramaticalidade) e são claramente incorrectas.
A par da locução
a gente
, existem outras, também pertencentes a um registo de língua informal, como
a malta
ou
o pessoal
, cuja utilização é análoga, apesar de terem menor curso.
regência dos verbos gostar e querer
Gostaria de saber a diferença entre os verbos
gostar
e
querer
, se são transitivos e como são empregados.
Não obstante a classificação de verbo intransitivo por alguns autores, classificação que não dá conta do seu verdadeiro comportamento sintáctico, o verbo
gostar
é essencialmente transitivo indirecto, sendo os seus complementos introduzidos por intermédio da preposição
de
ou das suas contracções (ex.:
As crianças
gostam
de
brincar
;
Eles
gostavam
muito
dos
primos
;
Não
gostou
nada
daquela
sopa
; etc.). Este uso preposicionado do verbo
gostar
nem sempre é respeitado, sobretudo com alguns complementos de natureza oracional, nomeadamente orações relativas, como em
O casaco (de) que tu gostas está em saldo
, ou orações completivas finitas, como em
Gostávamos (de) que ficassem para jantar
. Nestes casos, a omissão da preposição
de
tem vindo a generalizar-se.
O verbo
querer
é essencialmente transitivo directo, não sendo habitualmente os seus complementos preposicionados (ex.:
Quero
um vinho branco
;
Ele sempre
quis
ser cantor
;
Estas plantas
querem
água
;
Quero
que eles sejam felizes
; etc.). Este verbo é ainda usado como transitivo indirecto, no sentido de "estimar, amar" (ex.:
Ele quer muito a seus filhos; Ele lhes quer muito
), sobretudo no português do Brasil.
Pode consultar a regência destes (e de outros) verbos em dicionários específicos de verbos como o
Dicionário Sintáctico de Verbos Portugueses
(Coimbra: Almedina, 1994), o
Dicionário de Verbos e Regimes
, (São Paulo: Globo, 2001) ou a obra
12 000 verbes portugais et brésiliens - Formes et emplois
, (“Collection Bescherelle”, Paris: Hatier, 1993). Alguns dicionários de língua como o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
(edição brasileira da Editora Objetiva, 2001; edição portuguesa do Círculo de Leitores, 2002) também fornecem informação sobre o uso e a regência verbais. O
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea
(Lisboa: Academia das Ciências/Verbo, 2001), apesar de não ter classificação explícita sobre as regências verbais, fornece larga exemplificação sobre o emprego dos verbos e respectivas regências.
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Palavra do dia
voga-avante
voga-avante
(
vo·ga·-a·van·te
vo·ga·-a·van·te
)
Náutica
Náutica
Indivíduo que rema.
nome masculino de dois números
[
Náutica
]
[
Náutica
]
Indivíduo que rema.
=
REMADOR, REMEIRO
Origem etimológica:
forma do verbo
vogar + avante
.