Negocia ou negoceia? Em português de Portugal, a 3ª pessoa do
singular do Presente do Indicativo é negocia ou negoceia? Aprendi
na escola (portuguesa) e sempre disse negoceia e qual o meu espanto que
aqui, na Priberam, aparece o vocábulo negocia na conjugação do verbo.
Como no corrector de português de Portugal a expressão Ele negocia não
apresenta erro, deduzo que as duas formas estarão correctas. Se por aqui, no
Brasil, o termo usado é negocia, pergunto qual o termo que um português
deve aplicar.
No português de Portugal é aceite a dupla conjugação do verbo negociar
nas formas do presente do indicativo (negocio/negoceio,
negocias/negoceias, negocia/negoceia, negociam/negoceiam),
do presente do conjuntivo (negocie/negoceie, negocies/negoceies,
negocie/negoceie, negociem/negoceiem) e do
imperativo (negocia/negoceia, negocie/negoceie,
negociem/negoceiem), ao contrário do português do Brasil, que apenas
permite a conjugação com a vogal temática -i- e não com o ditongo -ei-
(negocio, negocias, etc.).
A mesma diferença de conjugação entre as duas normas do português (europeia e
brasileira) apresentam os verbos derivados de negociar (desnegociar,
renegociar), bem como os verbos agenciar, cadenciar,
comerciar, diligenciar, licenciar, obsequiar e
premiar.
Porque escrevemos Henrique com um r e não dois rr? Qual a regra?
A ortografia é um
conjunto de regras convencionadas e, na maioria das vezes, é o utilizador da
língua que mais lê e mais consulta obras de referência, como dicionários,
prontuários e afins, que melhor conhece essas regras e que melhor escreve. Há, no entanto, algumas indicações úteis, no caso da letra r:
a) O erre simples (r) representa o som [R] (consoante vibrante velar) em
início de palavra (ex.: rasar, régua, rua), a
seguir a uma vogal nasal (ex.: Henrique, honra, tenro),
ou em início de sílaba a seguir a uma consoante (ex.: israelita, melro).
b) O erre simples (r) representa o som [r] (consoante vibrante alveolar)
em contexto intervocálico, antecedido de vogal oral (ex.: cara, puro),
nos grupos consonânticos br, cr, dr, fr, gr, pr, tr e vr (ex.:
abrir, credo, coldre, fraco, grua, imprimir,
latrina, nevrose), ou em final de sílaba (ex.: cargo,
partir, querer, surto); o erre simples nunca representa
o som [r] em início de palavra.
c) O erre dobrado (rr) representa sempre o som [R] e apenas em contextos
intervocálicos (ex.: barra, errado, mirra, socorro,
urro), nunca em início de palavra ou depois de consoante.