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ardentia

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ardentiaardentia
( ar·den·ti·a

ar·den·ti·a

)


nome feminino

Fosforescência do mar.

Esta palavra no dicionário



Dúvidas linguísticas


Qual o feminino de capataz? Isto porque tenho ouvido a palavra capataza quando se trata de uma mulher.
Por tradição lexicográfica, a palavra capataz vem registada em dicionários e vocabulários apenas como substantivo masculino, pelo facto de essa função ter sido ocupada maioritariamente por pessoas do sexo masculino. A forma capataza não surge registada em nenhuma obra de referência para o português. Assim, a palavra capataz poderá ser usada no masculino em relação a um referente de sexo feminino (ex.: Ela é o capataz da quinta) à semelhança de outros nomes em que o género da palavra não é igual ao sexo a que se refere (ex.: Ela é um bom garfo ou Ele é uma melga). Por outro lado, à semelhança do que tem acontecido com muitas profissões que hoje já não são exclusivamente desempenhadas por pessoas de sexo masculino, a palavra poderá ser usada como substantivo masculino e feminino (ex.: Ela é a capataz da quinta), como acontece em espanhol, língua de onde é originária a palavra.



Existem muitos verbos que usamos como transitivos diretos (ex.: Paula irritou Pedro), mas, quando usados com relação a Deus, sempre aparecem como indiretos (ex.: essa atitude irritou a Deus). Isso é correto?
No exemplo referido e em outros afins, trata-se de uma construção com um verbo considerado transitivo directo, mas usado com um complemento iniciado pela preposição a (que é uma construção típica dos complementos indirectos).

Por este motivo, poderia parecer à primeira vista que se trata de um complemento indirecto, como em ofereceu uma flor a seu pai = ofereceu-lhe uma flor. No entanto, em irritou a Deus, o complemento a Deus só pode ser pronominalizado com o pronome de complemento directo (irritou-O, e não *irritou-Lhe). Estes complementos são por isso habitualmente designados por complementos directos preposicionados.

As construções com complemento directo preposicionado são normalmente descritas pelas gramáticas como ocorrendo "com os verbos que exprimem sentimentos" (Celso CUNHA e Lindley CINTRA, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Edições Sá da Costa, 1998, pp. 143), mas esta descrição é muito vaga e insuficiente, pois na verdade são construções usadas em contextos muito restritos e pouco usuais, geralmente apenas no discurso religioso. Estas construções ocorrem sobretudo em contextos com verbos como adorar, amar, bendizer, honrar, louvar ou temer e a palavra "deus" como complemento directo (ex.: amar a Deus), mas ocorrem também com outros complementos directos aos quais se dá, de alguma forma, uma relevância reverencial ou respeitosa (ex.: amar ao próximo).

Por outro lado, o conjunto de verbos a que se pode estender este tipo de construção é difícil de delimitar e identificar. O exemplo dado (irritou a Deus) é disso prova, pois o verbo irritar não aparece em gramáticas e dicionários nos exemplários de verbos com este comportamento, mas tem uso efectivo em discursos religiosos e afins.

Mais difícil ainda é delimitar quando é que estas construções se podem estender a outros complementos directos a que se quer dar carácter reverencial, com este ou com outros verbos considerados transitivos directos (por exemplo, se podemos ou não aceitar sem problemas Paula irritou a Pedro ou Paula admoestou a Pedro).

Pelos motivos acima apontados, pode dizer-se que a construção irritou a Deus não pode ser considerada incorrecta, pois segue um paradigma que é comummente aceite para outros verbos. No entanto, se se quiser evitar construções que possam ser polémicas ou questionáveis, o uso desta construção deverá ser limitado aos exemplos tidos como mais comuns (ex.: adorar a Deus, temer a Deus).