O correto é escrever " Viemos " ou "Vimos" através desta...?
O verbo vir é
muito usado na correspondência formal ou institucional para introduzir o
assunto, em expressões como "venho por este meio requerer..." ou "venho através
desta solicitar...", ou "vimos por este meio requerer..." ou "vimos através
desta solicitar...", com um remetente colectivo (por exemplo, um grupo de
cidadãos) ou com o uso do plural majestático ou de modéstia. Habitualmente, como
se trata de correspondência no presente, é utilizado o presente do indicativo
(ex.: vimos) e não o pretérito perfeito (ex.: viemos), a não ser que
esteja a ser relatado um facto passado (ex.: no mês passado, viemos
solicitar...).
Gostaria de esclarecimento quanto ao uso do se não e senão.
Para a distinção entre a palavra senão e a locução se não, é necessário analisar os contextos em que as mesmas ocorrem.
A palavra
senão pode ter vários usos, consoante a classe gramatical a que pertence. Como preposição, é usada antes de grupos nominais ou frases infinitivas para indicar uma excepção ou uma restrição, geralmente em frases
negativas (ex.: não comeu nada senão chocolates;não fazia senão resmungar; não teve alternativa senão refazer o trabalho) ou interrogativas (ex.: que
alternativa tenho senão refazer tudo? fazes outra coisa
senão dormir?). Como conjunção, a palavra é usada para
introduzir uma frase subordinada que indica uma consequência se houver negação
do que é dito na oração principal (ex.: estuda, senão terás
negativa no teste = não estudas, então tens negativa
no teste). Pode ainda ser substantivo, indicando uma “qualidade
negativa” (ex.: a casa tem apenas um senão: é muito fria no
Inverno).
Os contextos acima (especialmente aquele em que senão é conjunção) são
frequentemente confundidos com o uso da palavra
seseguida do advérbio
não. De entre os valores de se (enunciados na resposta
se: conjunção ou pronome), os que mais frequentemente aparecem
combinados com o advérbio não são os de conjunção condicional (ex.
poderá incorrer em contra-ordenação, se não respeitar o código
da estrada; agiu como se não tivesse acontecido nada) e
de conjunção integrante (ex.: perguntou se não havia
outra solução; verificou se não se esquecera de nada).
A confusão que alguns falantes fazem entre estas construções advém
adicionalmente do facto de o uso como conjunção senão poder ocorrer
algumas vezes no mesmo contexto do uso da conjunção condicional se. Por
exemplo, na frase estuda, senão terás negativa no teste é possível
admitir o uso da conjunção se seguida do advérbio não, partindo da
hipótese de que se pode tratar de uma oração condicional em que o verbo está
omitido (estuda, se não [estudares] terás negativa no teste). O
uso da locução se não nos contextos de senão como preposição e
como substantivo é incorrecta (ex.: *não comeu nada se não chocolates;
*a casa tem apenas um se não) e vice-versa (ex.: *agiu como senão tivesse
acontecido nada; *verificou senão se esquecera de nada).
Há outros contextos mais raros em que há ocorrência de se seguido de
não, como na inversão da ordem normal do advérbio e do pronome clítico se
(ex.: é bom que se não experimente uma tragédia
semelhante = que não se experimente).