Ouve-se em certos telejornais expressões como a cujo
ou em cujo; contudo gostaria de saber se gramaticalmente a palavra
cujo pode ser antecedida de preposição.
O uso do pronome relativo cujo, equivalente à expressão do qual, pode ser antecedido de preposição em contextos que o justifiquem, nomeadamente quando a regência de
alguma palavra ou locução a tal obrigue. Nas frases abaixo podemos verificar que o pronome está correctamente empregue antecedido de várias preposições (e não apenas a ou em) seleccionadas por determinadas palavras (nos exemplos de 1 e 2) ou na construção de adjuntos adverbiais (nos exemplos de 3 e 4):
1) O aluno faltoua alguns exames. O aluno reprovou nas disciplinas a cujo exame faltou. (=O aluno reprovou nas disciplinas ao exame das quaisfaltou);
2) Não haverá recursoda decisão. Os casos serão julgados pelo tribunal, de cuja
decisão não haverá recurso. (=Os casos serão julgados pelo tribunal, dadecisão do qual não haverá recurso);
4) Houve danos em algumas casas.Os moradores emcujas casas houve danos foram indemnizados. (=Os moradores nas casas dos quais houve danos foram indemnizados);
5) Exige-se grande responsabilidade para o exercício desta profissão. Esta é uma profissão paracujo exercício se exige grande responsabilidade.
(=Esta é uma profissão para o exercício da qual se exige grande responsabilidade).
Ambas as formas seríssimo e seriíssimo podem ser consideradas
correctas como superlativo absoluto sintético do adjectivo sério.
O
superlativo absoluto sintético simples, isto é, o grau do adjectivo que
exprime, através de uma só palavra, o elevado grau de determinado atributo,
forma-se pela junção do sufixo -íssimo ao adjectivo (ex.: altíssimo).
No caso de grande número de adjectivos terminados em -eio e em -io,
a forma gerada apresenta geralmente dois ii, um pertencente ao adjectivo,
o outro ao sufixo (ex.: cheiíssimo, feiíssimo,
maciíssimo, vadiíssimo).
Há alguns adjectivos, porém, como sério, que podem gerar duas formas de
superlativo absoluto sintético: seriíssimo ou seríssimo.
No entanto, como é referido por Celso Cunha e Lindley Cintra na sua Nova
Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa: Edições Sá da Costa, 1998, p.
260), parece haver uma maior aceitação das formas com apenas um i: “Em
lugar das formas superlativas seriíssimo, necessariíssimo e outras
semelhantes, a língua actual prefere seríssimo, necessaríssimo,
com um só i”. O mesmo sucede com necessário, ordinário, precário ou sumário, por
exemplo.